Suzana Devulsky
29/05/2024 18:12
Os dias 22, 23 e 24 de maio de 2024 vão ficar na memória de quem vive da agricultura familiar nas comunidades do Rio do Braço, em Mutuípe, e de Novo Horizonte e do Riacho do Caboclo, ambas no município de Presidente Tancredo Neves, na Bahia. Nessas datas, reunidos em mutirões organizados pelos educadores da FASE e por lideranças locais, os moradores dessas regiões realizaram o plantio de mudas de plantas nativas da Mata Atlântica a fim de revitalizar áreas degradadas no entorno de nascentes e córregos.
Após os encontros de formação sociopolítica, a seleção e demarcação das áreas e a compra das mudas, enfim foi dado início à etapa de plantio. As três comunidades mencionadas foram as primeiras de um processo que irá acontecer em mais cinco outras comunidades do Vale do Jiquiriçá e Baixo Sul ao longo das próximas semanas. Dentre as espécies plantadas estão aroeiras, araçás, ingás, paus-ferro, ipês, jenipapeiros, pequizeiros, paus-brasil, embaúbas, cedros, abius roxos, entre outras.
“Ao diversificar as áreas recuperadas com uma maior diversidade de espécies nativas da Mata Atlântica, pioneiras, secundárias e tardias, consegue-se equilibrar o sistema vegetativo existente anteriormente, com ganhos para os recursos bióticos e abióticos, trazendo equilíbrio ao ecossistema, evitando o assoreamento de nascentes, riachos e rios nessa fase de recuperação e preservação das áreas nas comunidades rurais”, explica Fernando Oiticica, coordenador Técnico da FASE Bahia.
Maria Anizia da Conceição Santos mora na comunidade de Riacho do Caboclo há 30 anos. Ela e sua família vivem da agricultura familiar produzindo principalmente mandioca, cacau e banana. Foi participando de encontros de formação realizados pela FASE que passou a se preocupar com a possibilidade de que a nascente localizada em seu terreno secasse. Atualmente, essa nascente abastece outras três casas, além da sua, que dependem totalmente dessa água para todas as atividades, desde beber até regar a plantação.
Durante o processo de seleção das áreas que seriam recuperadas, Maria Anizia expôs sua apreensão e a nascente em seu terreno acabou sendo uma das escolhidas. Embora façam parte de propriedades privadas, todo o trabalho foi coletivo, junto às associações, prevalecendo o sentimento de apoio conjunto e de responsabilidade comum pela preservação da natureza. Ao final de cada manhã de plantio, pode-se perceber entre os participantes a sensibilização e preocupação em recuperar cada vez mais áreas.
Este projeto foi possível graças ao apoio recebido da Fundação Tinker.
*Comunicadora da FASE