Rebecka Santos
21/06/2024 16:29

A Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – FASE Pernambuco e o INCITI – Pesquisa e Inovação para as Cidades promoveram o Seminário “Soluções e Inovações para Comunidades Ribeirinhas do Recife”. O encontro foi no dia 18 de junho no Apolo 235, no bairro do Recife, e reuniu representantes de movimentos sociais, ONGs, coletivos, organizações de base comunitária, centros de pesquisa e órgãos públicos.

O seminário teve como objetivo fortalecer organizações e redes comunitárias por meio do compartilhamento de experiências e da proposição de soluções para enfrentamento e adaptação às mudanças climáticas, com foco especial nas Soluções Baseadas na Natureza (SbN). As pessoas participantes discutiram sobre diretrizes para a regeneração ambiental de áreas urbanas, intervenções em áreas ribeirinhas e ações comunitárias no enfrentamento às mudanças climáticas.

O debate foi enriquecido com as participações do educador André Araripe (FASE Pernambuco), Circe Monteiro e Raquel Meneses (Inciti/UFPE), Rodolfo Moura (Ministério das Cidades), Joice Paixão  (Gris Solidário, Rede GERA – Governança para o Enfrentamento ao Racismo Ambiental), Mariana Afonso (Autarquia de Urbanização do Recife/Prefeitura do Recife), Fábio Pedrosa, (Universidade Católica de Pernambuco) e Edivânia Torres (Universidade Federal de Pernambuco). Além de representantes das comunidades do Tejipió, Bode, Ilha de Deus, Caranguejo Tabaiares, entre outras.

O destaque do seminário foi o Plano de Ação Comunitária para Mitigação dos Efeitos das Chuvas apresentado por Joice Paixão, e elaborado pelo Gris Solidário, TIG Periferia e AdaptaJUV. O documento toma como referência as chuvas que atingiram drasticamente o Recife e a Região Metropolitana em maio de 2022, e elenca etapas que a população moradora das comunidades do bairro da Várzea pode seguir para se salvar de outro evento climático extremo. O plano também indica os níveis de alagamento de acordo com a intensidade das chuvas e garante um banco de dados para salvaguardar os documentos pessoais de cada morador(a), “para facilitar a retomada da dinâmica cidadã”, explicou a coordenadora.

Parte do público do seminário também fez visita ao primeiro parque linear da capital pernambucana, que está em execução às margens do Rio Tejipió, no bairro do Ipsep, com o intuito de absorver, armazenar e escoar água de forma controlada durante eventos de chuvas intensas ou aumento do nível dos rios. A Autarquia de Urbanização do Recife (Urb) é o órgão responsável pela obra e foi quem guiou o momento, onde moradores de outras comunidades ribeirinhas, educadores e pesquisadores apresentaram suas dúvidas sobre o projeto. André Araripe, arquiteto e urbanista da FASE Pernambuco, esteve no primeiro parque alagável da capital pernambucana, e reuniu as questões identificadas pelo grupo, que reconheceu a importância da intervenção, em virtude do alargamento da calha do rio, que era um gargalo, causando represamento das águas e aumentando o alagamento nas áreas adjacentes; no entanto, as soluções implementadas são questionáveis. 

Quando foram analisadas os aspectos sociais do projeto, percebeu-se uma grave violação do direito à moradia das pessoas que moram no entorno. 120 famílias foram despejadas, sem a garantia de uma realocação digna e segura. O recurso recebido foi insuficiente, impossibilitando a aquisição de novas moradias com segurança. “É inaceitável que qualquer projeto de infraestrutura resulte no despejo”, enfatiza o educador.

A atividade é uma das ações do projeto ReCriar – Justiça Socioambiental na Cidade das Águas, realizado pela FASE Pernambuco com o apoio do Fundo Casa Socioambiental. A iniciativa visa compartilhar saberes e vivências relacionados às soluções de adaptação aos efeitos das mudanças climáticas em comunidades do Recife (PE) e de Belém (PA), com enfoque naquelas soluções de iniciativa comunitária e baseadas na natureza. A próxima ação será na capital paraense.

 

*Comunicadora FASE Pernambuco