Julia Tetê
15/09/2025 14:29

O “Agosto Lilás” é uma campanha nacional de conscientização e enfrentamento à violência contra a mulher, que foi instituída pelo Governo Federal em referência à Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), sancionada em 7 de agosto de 2006. Neste contexto, a FASE Bahia promoveu atividades voltadas exclusivamente para as mulheres agricultoras, acompanhadas pelo projeto Ater Biomas, e também da comunidade local, nos municípios de Mutuípe e Ubaíra. 

Foto Julia Tetê

As comunidades Água Vermelha, Duas Barras do Fojo, Riachão do Vinhático e Riacho do Meio, situadas no município de Mutuípe, receberam mulheres de diferentes faixas etárias para dialogar sobre os diversos tipos de violências. O encontro promovido pela FASE em parceria com a Prefeitura de Mutuípe contou com a participação da Coordenadora do CAD Único, Edilma Novais e do Psicólogo Davi Reis, representando o Centro de Referência da Assistência Social – CRAS Rural, além das educadoras da FASE Bahia, Veronice Souza, Débora Nogueira, Raquelice Cardoso e Luana Santana, que acompanham as comunidades.

Foto: Julia Tetê

O encontro teve como objetivo ampliar a compreensão sobre as diferentes formas de violência e divulgar os canais de apoio disponíveis para as mulheres em situação de vulnerabilidade. O psicólogo Davi Reis destacou que a violência contra a mulher vai além das agressões físicas, como tapas e empurrões, abordando outras formas de violência que, muitas vezes, são invisibilizadas ou naturalizadas pela sociedade, como a psicológica, que inferioriza a mulher e sua autoestima. Além disso, ele destacou a reprodução de padrões violentos iniciados na infância, quando crianças crescem em ambientes familiares disfuncionais, aprendendo a naturalizar a violência e a replicá-la na vida adulta.

 

As agricultoras presentes também compartilharam relatos de suas próprias vivências, apontando como as mulheres estão sempre sobrecarregadas com as responsabilidades domésticas e tratadas como coadjuvantes no trabalho rural, sem remuneração ou autonomia sobre os recursos. O psicólogo apresentou ainda as ferramentas existentes no município que podem apoiar e proteger as vítimas, a exemplo do CRAS e o CREAS, que contém uma equipe preparada para oferecer suporte às mulheres em situação de violência, incluindo o CRAS Rural, que atua de forma itinerante nas comunidades rurais. 

Foto: Julia Tetê

Na comunidade Boqueirão da Boa Ventura, em Ubaíra, a educadora da FASE Bahia, Raquelice Cardoso, realizou a atividade também em formato de roda de conversa, conduzida pela dinâmica da “caixa com palavras-chave”. Termos como casamento, trabalho, educação, dinheiro e amizade serviram como disparadores para relatos e reflexões pessoais. O espaço, restrito ao público feminino, possibilitou que as participantes compartilhassem experiências de violência, dificuldades cotidianas e também conquistas e transformações vividas. Na sequência, foi exibido o documentário “Para quem contar”, que apresenta a história de Maria da Penha e os impactos da lei que leva seu nome. A exibição gerou um momento intenso de troca, em que algumas mulheres expressaram indignação diante da brutalidade dos casos retratados, enquanto outras se emocionaram ao relacionar o conteúdo do filme a experiências próprias ou de conhecidas. Ao final, as participantes destacaram a importância do encontro promovido pela FASE, como um espaço de acolhimento, reflexão e fortalecimento coletivo. A coordenadora regional da FASE Bahia, Rosélia Melo, esteve presente e participou ativamente da discussão, acompanhada da fiscal de contrato da Bahiater, Bruna Lima.

Foto: Julia Tetê

*Comunicadora da FASE Bahia