26/05/2006 18:29
Fausto Oliveira
Como parte das ações para resgatar a cidadania e os direitos dos povos indígenas Tupinikim e Guarani no Espírito Santo, dois representantes destes povos estiveram na Europa por alguns dias do mês de maio. Acompanhados de representantes de ONGs parceiras em sua causa, os indígenas visitaram fábricas de papel que compram celulose da Aracruz e autoridades governamentais. A viagem foi um sucesso. Ao contrário do Brasil, onde a devastação causada pela Aracruz é facilmente confundida com desenvolvimento, na Europa os indígenas conseguiram grande repercussão para suas denúncias.
As principais vitórias foram na Alemanha, onde Paulo Oliveira (Tupinikim) e Antonio Carvalho (Guarani) foram apoiados pelas ONGs Robin Wood e Urgewald. Depois de realizar uma ação de protesto na frente da empresa Procter & Gamble, eles conseguiram se reunir com os diretores. A Procter & Gamble é uma das maiores consumidoras da celulose exportada pela Aracruz, e com ela fazem seu principal produto, que é lenço de papel. Os diretores da corporação se comprometeram a tomar uma posição pública em breve sobre o conflito dos índios contra a Aracruz. Além disso, mostraram interesse em um contato direto com integrantes da Rede Alerta contra o Deserto Verde e os índios. Disseram que a empresa participaria até de uma audiência pública com indígenas e Aracruz no Espírito Santo.
Também na Alemanha, os representantes do Brasil estiveram com autoridades do Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento. Deles, os indígenas ouviram que o governo Alemão tem interesse em continuar o diálogo sobre o apoio que o país dá a projetos de plantação de árvores ao redor do mundo. Os representantes do ministério disseram que o empréstimo do Banco Mundial à Aracruz está sendo coprretamente criticado. A Alemanha integra o conselho do Banco Mundial. Aidna na Alemanha, eles se encontraram com deputados do Partido Verde.
Em Viena, na Áustria, Paulo e Antonio estiveram com os participantes do Tribunal das Transnacionais, evento paralelo à Cúpula dos Chefes de Estado da União Européia, América Latina e Caribe. Foram testemunhas do julgamento feito pelo movimento social global contra a Aracruz (várias empresas transnacionais foram julgadas ali, e o caso brasileiro levado à Viena foi o da Aracruz).
Houve também uma rápida passagem pela Holanda, onde eles foram levar as denúncias durante um festival cultural, arrancaram o compromisso de algumas entidades no sentido de iniciar campanhas pela diminuição do consumo de celulose. Na Noruega, terra natal da Aracruz, os indígenas se reuniram com deputados e com a imprensa do país. Lá, pediram que o governo pare com os investimentos da Aracruz, feitos através de um Fundo de Pensão administrado pelo Banco da Noruega.