30/01/2009 15:56
Fausto Oliveira
O Fórum Social Mundial é o território de muitas causas e lutas. Inevitável perceber que a segmentação que está presente em muitos aspectos da vida em nossos dias também se manifesta na organização política da sociedade civil. Mas há aquelas questões que possuem a condição de transversal. Uma delas é a questão das mulheres. No Fórum Social Mundial de Belém, Graça Costa, coordenadora da Fase Amazônia, carrega a bandeira das mulheres amazônidas e revelou algo de sua agenda no grande evento político deste início de ano.
“Vamos trazer a discussão da valorização do trabalho da mulher, da visibilidade das desigualdades de gênero no campo do trabalho. E logicamente, do ponto de vista amazônico, trazer a presença das mulheres na luta pela preservação dos recursos naturais. Na Amazônia, as mulheres estão muito envolvidas em iniciativas socioambientais e também econômicas dos grupos de mulheres na perspectiva da preservação dos recursos naturais”, disse ela.
Graça aponta que o movimento feminista brasileiro já é bem consolidado. Mas quando se trata de integrar as mulheres indígenas, extrativistas, quilombolas e de outros grupos tradicionais e invisibilizados, ainda há o que fazer. “Esse fórum tem uma presença muito significativa de mulheres quilombolas e extrativistas, e aí vamos discutir muito as questões dos territórios. Trazemos uma participação pan-amazônica sobre os territórios indígenas e a presença da mulher nestes territórios. Essa é uma luta ainda muito inicial na região. Precisamos buscar alianças para plataformas que unifiquem a luta do movimento feminista mais consolidado na Amazônia com a luta das mulheres indígenas, extrativistas e outras”, disse ao Fase Notícias.
Graça diz que a hora é de conferir mais visibilidade à luta das mulheres amazônicas. E que o Fórum Social Mundial é a oportunidade de que isto aconteça. “Essa é uma perspectiva da nossa presença no Fórum Social Mundial, que os processos que estamos iniciando há alguns anos possam ter uma visibilidade maior nesse fórum e apontem perspectivas de alianças para dar seguimento e fortalecimeto a isso. Quem sabe saímos daqui com alguma grande campanha em que poderemos estar articuladas com o movimento feminista brasileiro e também com o movimento feminista internacional?”.