16/08/2008 13:21
Duas importantes organizações sociais estão organizando um grande encontro de mulheres para o fim deste mês. Marcha Mundial das Mulheres e Via Campesina promovem, em Belo Horizonte, entre os dias 28 e 31 de agosto, o encontro nacional Mulheres em Luta por Soberania Alimentar e Energética. Temas de grande monta, debates intensos. E assim define-se cada vez mais claramente o fundamental papel da mulher na compreensão do mundo contemporâneo, do modelo de desenvolvimento econômico e das possibilidades alternativas a ele.
Cerca de 500 mulheres participantes deverão se juntar ao evento, provenientes de todas as regiões do Brasil. A carta convite enviada pelas organizações promotoras do encontro dá o tom das discussões melhor que qualquer descrição: “A resistência ao modelo neoliberal tem sido um componente central nas lutas das mulheres na América Latina. Nossos posicionamentos e mobilizações partem da análise de que as relações de gênero estão no coração do modelo econômico, e que por isso é necessário mudar o mundo e mudar a vida das mulheres em um só movimento”.
Mas apenas discutirão as mulheres? Não. Também vão expor suas experiências – variadas, regionais e locais – com a produção alternativa de energia. Quando falam em soberania energética, as mulheres engajadas na luta social estão dizendo sua insatisfação com um modelo energético territorialmente concentrado e intensivamente impactado sobre a vida cotidiana de milhares de comunidades rurais espalhadas pelo país. As alternativas locais surgem como rotas de sobrevivência para quem já foi ou pode ser, por exemplo, deslocado pelas barragens das usinas hidrelétricas demandadas como prioridade por corporações de extremada ganância. Na contramão, estão elas, aquelas que melhor conhecem o valor da vida em comunidade e se opõem de coração e mente à desagregação humana trazida pelo capital.
O encontro ganha, assim, contornos de um debate de futuro. É das condições de vida no campo e nas cidades, no Brasil e no continente (e finalmente no mundo), que se tratam as discussões. É para manter, embora mudando, o mundo que se travam as lutas pelo direito dos povos de opinar e trabalhar em conjunto com os governos em questões que afetam a todos nós.