07/12/2007 15:50

Fausto Oliveira

Um dos focos de conflito no meio rural nos dias de hoje está encoberto por um silêncio aterrador. Trata-se da questão entre o MST e a transnacional de biotecnologia Syngenta, que está instalada no Paraná. A empresa foi flagrada plantando soja transgênica em áreas não permitida pela Lei de Biossegurança, a menos de 10 quilômetros de um parque nacional, no caso, o do Iguaçu. Com isso, foi multada em R$ 1 milhão pelo Ibama, e a área de plantio foi ocupada pelos movimentos da Via Campesina Brasil. Com o passar do tempo, a Syngenta quis reaver a área à força, e então sua empresa de segurança particular envolveu-se numa ação de milícia contra os sem terra que terminou com o assassinato de Valmir Mota Oliveira, de 34 anos, integrante do MST no Paraná.

Esta seqüência de eventos levou o MST a iniciar a campanha “Syngenta Fora do Brasil”. É uma resposta à altura de seus atos. Além de fazer plantio ilegal de transgênicos, em mais uma tentativa de dominar e controlar os ciclos de produção agrícola no Brasil, esta multinacional de origem anglo-suíça ainda suja suas mãos com seguranças privados que se envolvem em ações de milícia como a do Paraná. A polícia ainda investiga o grau exato de participação da empresa na ação, e é sabido que este tipo de crime contra lutadores sociais do campo em geral fica impune. O que não significa que os movimentos sociais vão silenciar diante de mais essa violência.

A ação ocorreu no dia 21 de outubro deste ano, no município de Santa Teresa do Oeste. Cerca de 150 pessoas ligadas à Via Campesina ocupavam a área que gerou a multa para a transnacional. Por volta das 13 horas, um micro-ônibus parou em frente do acampamento, e desde desceram pistoleiros fortemente armados. Mal desceram, começaram a atirar, e assim que arrombaram o portão, atingiram Valmir Mota Oliveira, cujo apelido era Keno. Uma agricultora chamada Isabel do Nascimento Souza levou um tiro no rosto e foi espancada. Outros três ficaram feridos.

A polícia conseguiu indiciar 9 seguranças e o dono da empresa NF Segurança, que prestava serviço para a Syngenta. Eles serão levados a julgamento por participação no caso da invasão do acampamento, espancamento e morte de agricultores. Agora, resta saber se os mandantes deste crime serão encontrados. Em seus depoimentos iniciais, os seguranças da NF envolveram os nomes do Movimento dos Produtores Rurais do Paraná e a Sociedade Rural de Cascavel.