30/11/2007 16:06
A Cia. de Teatro Zé do Pinho utiliza o teatro como meio transformador da sociedade. Formada por adolescentes e jovens da comunidade onde atua, contribui com a formação crítica e participativa dos mesmos, tornando-os agentes do meio em que vivem. Em janeiro de 2003, a Cia. de Teatro Zé do Pinho surgiu na comunidade do Alto José do Pinho, periferia de Recife. Inicialmente formada por participantes de um grupo de adolescentes ligados à igreja católica, pouco a pouco foi se firmando na comunidade, através de ações que deram uma nova visão do teatro para os moradores da região. A idéia do nome surgiu como forma de resgatar a identidade comunitária dos integrantes do grupo, quebrando a vergonha de se declarar morador da periferia, como também motivar a pesquisa histórica da comunidade, criando laços culturais e de identificação mais fortes.
Desde o seu início, a companhia já realizou diversos espetáculos, todos com apresentação na comunidade. Alguns destes espetáculos chegaram a fazer temporada em espaços como o Sesc e outros teatros públicos. A prática do teatro-fórum é um dos fortes da companhia. Além disso, ministramos oficinas de teatro do oprimido em espaços culturais e sociais, para fortalecer a troca de experiência. Mantemos também um trabalho com crianças e adolescentes, através de dois projetos paralelos, o Pastoril Estrela de Belém e o grupo Bandeira de São João.
A importância da companhia para a comunidade está em abrir um espaço para os jovens se envolverem cultural e artisticamente, participando de eventos sociais, culturais e pedagógicos das escolas públicas da comunidade.
A Cia. de Teatro Zé do Pinho, tem como objetivo propiciar espaços para o resgate da auto-estima, da capacidade crítica, do desenvolvimento e consciência dos direitos e deveres de cidadão; promover espetáculos nos teatros para formação de platéia e escoar a produção teatral do grupo; promover espetáculos de teatro-fórum, provocando reflexões de transformação social; reivindicar dos poderes competentes ajuda no sentido de melhorar a condição social dos integrantes e da comunidade; propiciar meios de auto-sustentabilidade e geração de renda; promover ações de resgate e aprofundamento das manifestações culturais e folclóricas, particularmente as pernambucanas; promover debates e discussões político-sociais.
A Cia. de Teatro Zé do Pinho é formada por um grupo gestor (os dois diretores fundadores e mais dois integrantes que estão desde o início) e por 12 adolescentes e jovens, todos voluntários. Com o trabalho, somando os projetos paralelos, a companhia beneficia cerca de 80 pessoas na comunidade. Quando realiza a montagem de um espetáculo ou do pastoril, movimenta alguns profissionais, como costureiras, além de familiares e o comércio informal da comunidade. No ano de 2006, juntando todas as apresentações e demais trabalhos, tivemos como espectadores cerca de 3 mil pessoas.
Temos o reconhecimento da comunidade. Ela acompanha as atividades da companhia, bem como o trabalho social com crianças, adolescentes e jovens nas linguagens artísticas. Outro fator importante é a articulação dos integrantes, principalmente daqueles que estão no grupo desde a origem, com projetos sociais e culturais, alcançando o mercado de trabalho. Outros já estão trabalhando como multiplicadores e formando outras iniciativas na comunidade (grupos de teatro, dança, quadrilhas mirins e bandas). A companhia é reconhecida na cidade pelo trabalho com teatro do oprimido e o desenvolvimento de um teatro social.
A contribuição do SAAP deu-se de forma positiva, propiciando mobilidade para a Cia. Zé do Pinho estruturar o projeto Virada Cultural Periférica – Na Arena por Todos os Direitos. Com a Virada Cultural, pôde-se criar e fortalecer diversas parcerias, além de reunir grupos e entidades no I Seminário de Articulação Juvenil da Zona Norte do Recife. Todos os atores desta cena saíram com um saldo positivo. A Cia. fortaleceu a sua metodologia de intervir na comunidade. Os participantes do seminário puderam discutir e debater sobre diversas questões relacionadas ao protagonismo juvenil. Os grupos puderam ficar mais próximos e estabelecer uma rede de ações. Familiares e amigos dos jovens viram um trabalho sério e comprometido, construído pela comunidade e para a comunidade. A visibilidade da Companhia de Teatro Zé do Pinho dentro da comunidade ficou bem flagrante na marcha que foi promovida para dar início à Virada Cultural Periférica.
A Virada Cultural Periférica agrupou linguagens artísticas diferentes. O evento causou impacto, pois a estrutura de três pólos artísticos, com várias apresentações ao mesmo tempo e todas elas clamando por algum direito negligenciado ou negado na sociedade, fez com que não só a periferia da Zona Norte participasse, mas também um público de outras regiões do Recife. Foram 12 horas de apresentação dos grupos artísticos de teatro, dança, cinema, fotografia, artes plásticas, música e o movimento de Hip-Hop. Todos os artistas ficaram no evento para assistir outros grupos e se divertir naquela atmosfera gerada.
Dentro de nosso leque de atividades, foi aberta a perspectiva de produção cultural de eventos deste porte, com cunho social e que faça a capacitação de jovens e ainda promova a geração de renda. Novas parcerias para futuros trabalhos já apareceram e assim formamos uma rede de relacionamentos dentro do movimento juvenil que se fortaleceu com o evento da Virada Cultural Periférica. O fundo SAAP contribuiu com 80% dos recursos para a realização do projeto, o restante a Cia. de Teatro Zé do Pinho captou por meio de parcerias na comunidade.