09/03/2007 11:24
A visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ao Uruguai, Brasil, Colômbia, Guatemala e México representa uma ofensa e uma ameaça a todos os povos da América Latina; significa que o império do Norte volta novamente toda sua atenção ao nosso continente para impulsionar seus planos militares e de exploração de nossas nações.
Durante sua administração, Bush voltou a colocar o mundo sob o terror da guerra, com o pretexto de combater o “terrorismo”; não satisfeito em provocar dezenas de milhares de mortes, incluindo milhares de estadunidenses, ao ocupar e destruir o Afeganistão e o Iraque, agora ameaça atacar o Irã ou a Coréia, novamente com o pretexto de existência de supostas armas de destruição em massa, como se não houvesse sido evidenciada esta mentira durante a invasão no Iraque e como se o mundo aceitasse que os Estados Unidos devem possuir o monopólio do terror nuclear. Junto com sua fome de guerra, o governo dos Estados Unidos não é o “paladino” dos direitos humanos, mas sim o principal violador inclusive em seu próprio país.
Em nosso continente, a estratégia de militarização também tenta avançar com o pretexto de colaborar no combate ao narcotráfico e “segurança nacional” mútua (a dos Estados Unidos). Com o treinamento e assessoria aos exércitos latino-americanos, com a participação direta de efetivos norte-americanos em países como Colômbia, com a manutenção e tentativa de expansão de suas bases militares em diversos países, com acordos de “segurança” mútua como a que se avança na Área para a Segurança e a Prosperidade da América do Norte (ASPAN), os “falcões” de Washington buscam subordinar sua doutrina de “segurança nacional” às forças armadas do continente, com o apoio de alguns governos submissos. A ameaça de intervenção militar dos Estados Unidos está sempre presente para ser utilizada contra os países que se atrevam a defender sua autodeterminação, como Cuba, Venezuela e Bolívia.
Mas o objetivo da guerra, além dos lucrativos negócios que representa para a indústria militar, também é intimidar os países que cada vez mais decidem por sua soberania e autodeterminação como no caso de Cuba, Venezuela, Bolívia e Equador. É empossar de territórios, recursos naturais, recursos estratégicos como o petróleo, gás e água, garantir a hegemonia das grandes corporações norte-americanas no mercado mundial. Em nosso continente, a forma preferida de penetração e de afirmação de sua hegemonia tem sido os processos de endividamento provocados, os ajustes estruturais e as privatizações impostas pelas Instituições Financeiras Internacionais que eles dominam e o mal denominado “livre comércio”. O “livre comércio” na realidade é o nome que as grandes corporações deram para a liberdade de poder saquear e dominar nossos países; e que somente tem significado o aprofundamento das desigualdades, a perda de soberania, o empobrecimento extremo da população e o crescimento da migração. Depois de fracassar sua iniciativa de impor a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), o governo de Bush tem buscado a proliferação de tratados de livre comércio bilaterais ou sub-regionais junto com acordos de proteção para os investimentos externos, para avançar concretamente em seu projeto de integração subordinado. Insiste neles também, atualmente, na tentativa de isolar os países sul-americanos que se atrevam a fazer um caminho distinto.
Atolado no Oriente Médio com seu fracasso no Iraque, a visita de Bush pela América Latina busca abrir ao império novos cenários e relançar – no que segue considerando como seu quintal – sua estratégia regional de militarização subordinada da América Latina à política de segurança dos Estados Unidos, de controle de recursos naturais estratégicos e de hegemonia econômica e comercial. No Uruguai e no Brasil, Bush busca também meter a colher no MERCOSUL, pressionar e chantagear os governos desses países para erodir as possibilidades de um bloco de integração alternativo do Sul e afastado da hegemonia norte-americana, além de tentar distanciá-los dos países mais avançados nesse processo: Venezuela e Bolívia. Na Colômbia, Guatemala e México, Bush busca abrir ainda mais aos governos “aliados” destes países a entrada das corporações e mercadorias dos Estados Unidos, e colocá-los no papel de pontas de lança contra o processo de integração que vem se desenvolvendo na América do Sul.
Os povos da América Latina devem rechaçar a visita de Bush, deste personagem sinistro, senhor da guerra e do saque; vamos declará-lo pessoa não grata em nossas terras. Assim como saiu com o rabo entre as pernas durante a Cúpula de Mar del Plata, em que naufragou seu projeto da ALCA, pela resistência digna dos povos, assim hoje nos mobilizamos no Uruguai, Brasil, Colômbia, Guatemala, México e em toda América Latina para rechaçar a presença ameaçadora e ofensiva do representante do império do terror, para dizer não mais militarização e “livre comércio”, para exigir respeito à autodeterminação dos povos, para defender uma integração independente e anti-neoliberal das nações do sul, para gritar fora Bush!