06/02/2012 14:53

Não é de hoje o uso indiscriminado de agrotóxicos. Em diversas regiões da Bahia, a utilização descontrolada de produtos químicos representa uma ameaça concreta aos agricultores familiares e suas comunidades. Para a FASE Bahia, o enfrentamento ao modelo hegemônico de produzir alimentos, que envolve o intenso uso de agrotóxicos, deve ser feito com base na construção de novas alternativas de produção e criação de animais.

A FASE Bahia participa da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida desde o lançamento deste movimento no estado. O tema é desenvolvido tanto nos eventos relacionados à formação de jovens e mulheres que se tornam AMAs – Agentes Multiplicadores de ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural), como nas visitas de assessoria técnica.

Nos meses finais de 2011, a Equipe Técnica e a Coordenação Estadual planejaram e executaram seis Oficinas Temáticas e um Laboratório, sempre dando enfoque ao enfrentamento dos agrotóxicos. Ao mesmo tempo, foram debatidas alternativas baseadas em práticas orgânicas e agroecológicas que permitam a produção de alimentos sem danos à saúde e aos recursos ambientais.

No caso específico de eventos de formação realizados no Baixo Sul e no Médio Rio de Contas, a FASE contou com a expressiva colaboração de integrantes do Comitê Bahia da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. Com uma metodologia de trabalho dialógica e dinâmica, os ativistas procuraram envolver os agricultores em uma reflexão sobre a conjuntura na qual os agrotóxicos estão inseridos. Daí surgem questões estruturais: os malefícios causados pelos venenos da agricultura são fruto de um modelo de desenvolvimento baseado no agronegócio e nas monoculturas.

A participação da Campanha aconteceu, mais precisamente, no Laboratório, que reuniu agricultores de comunidades do Médio Rio de Contas e do Baixo Sul, durante os dias 23 e 24 de novembro de 2011. As atividades foram realizadas no município de Valença, nas dependências da EMARC, e em Presidente Tancredo Neves. Na EMARC, os jovens e mulheres AMAs visitaram uma área experimental em agroecologia. Em Tancredo Neves, dinâmicas participativas e trabalhos em grupo, que envolveram os AMAs em um jogo teatral nos moldes difundidos pelo Teatro do Oprimido, geraram discussões sobre os malefícios e causas do uso do agrotóxico. Houve ainda a projeção do filme-documentário, dirigido por Silvio Tendler, O Veneno Está na Mesa.

A notável interação dos AMAs – não apenas nas discussões propostas, mas em conversas após as dinâmicas – revelou o amadurecimento no discurso sobre o uso abusivo de produtos e insumos químicos. Não é à toa que hoje podemos escutar os AMAs sobre os efeitos dos agrotóxicos e as questões abarcadas nesse contexto. Presentes no Laboratório (Ibirapitanga e Presidente Tancredo Neves), os dirigentes dos sindicatos divulgam os materiais repassados pelos membros da Campanha para agricultores associados.