13/09/2008 17:45

Fausto Oliveira

Uma data internacional de luta por uma causa que interessa a toda a humanidade deve ser bem divulgada e reconhecida em todos os países. Principalmente naqueles em que o objeto de luta social trabalhado naquela data tem grande expressão. É o caso do próximo 21 de setembro, Dia Internacional contra as Monoculturas de Árvores. No Brasil, país tão afetado pela insustentável monocultura de eucalipto, a data será marcada pela conclusão de uma enorme marcha de movimentos sociais que por sete dias vai atravessar parte do Espírito Santo.

Este ano, será a segunda vez que a sociedade capixaba organizada sai em marcha no dia 21 de setembro. Nesta segunda edição, serão sete dias, começando em 14 de setembro e culminando no Dia Internacional contra as Monoculturas de Árvores. A marcha vai percorrer municípios da Grande Vitória para denunciar aquele que é hoje um dos fatores que mais compromete o meio ambiente no estado, a monocultura do eucalipto.

A idéia é conscientizar e mobilizar a população urbana da região metropolitana a respeito dos impactos sociais que as áreas urbanas sofrem a partir do modelo de concentração fundiária sem respeito à biodiversidade, no qual o ES está lançado há muitos anos. O tema da marcha 2008 é “Em defesa da vida e do meio ambiente”. Ao longo dos dias de caminhada, os marchantes vão parar em localidades de vários municípios e discutir com as comunidades locais a relação entre a monocultura de eucalipto e a degradação das condições de vida cotidiana.

Os impactos são de vários tipos. O fato de não haver produção de alimentos em largas áreas do estado tem, certamente, efeitos sobre a oferta de comida e sobre os preços, o que compromete o consumo de alimentos em áreas periféricas e de baixa renda. O fato de por muitos anos a população rural do Espírito Santo ter sido deslocada de maneira violenta pelas empresas que plantam eucalipto certamente inchou as áreas empobrecidas das cidades, com consequências sociais muito negativas. O fato de que a terra é vista como bem de capital privado e não como patrimônio de todos certamente provoca a corrosão de recursos naturais que traz prejuízos para todos. Estes são somente alguns exemplos de impacto do modelo econômico que interessa muito aos grandes empresários e pouco à população, seja do campo ou da cidade. No Espírito Santo, a principal representante da monocultura de árvores é a empresa transnacional Aracruz Celulose.

Dona de uma longa folha corrida de desserviços e impactos ambientais e sociais, a Aracruz Celulose ocupa áreas em demasia no Espírito Santo (e agora também em outros estados) com seus eucaliptos, seus agrotóxicos e sua violenta força privada de segurança. Quilombolas e indígenas do estado sabem quão violenta e excludente a empresa pode ser, com o beneplácito do governo estadual. É por isso que os movimentos organizados, que já têm consciência do problema, estão juntos nesta marcha que culminará no dia 21. A Fase ES está unida a atores políticos como a Via Campesina, a Rede Alerta contra o Deserto Verde, o Movimento Mundial por Florestas Tropicais e muitos outros que lutam para manter a diversidade natural do mundo contra as plantações empresariais de árvores.