Fernando Ferreira Oiticica
26/09/2024 17:07

Em nossas ações de educação popular junto a agricultores e agricultoras familiares nos territórios do Baixo Sul e Vale do Jiquiriçá, na Bahia, para além do período eleitoral, sempre os provocamos a uma reflexão do porquê a agricultura familiar ser maioria numérica nos municípios e ter pouca expressão política nos legislativos e executivos municipais.

Ao analisar os diversos aspectos a partir da escuta dessas lideranças observamos os clichês de sempre sobre antipolítica, a informação deturpada do fazer política social versus política partidária e a influência do poder econômico no sucesso de candidaturas sem compromissos com os anseios da população, independente de classe social e ideologia. Quando aprofundamos a análise para a participação das mulheres e jovens nesses espaços de discussão, proposição e execução de políticas de Direito Humano, Ambiental, Econômico e Social (DHAES). as estatísticas são muito mais inferiores.

É a partir dessas análises que a equipe de educadores da FASE Bahia se utiliza dos meios disponíveis de financiamento de suas atividades para buscar construir um conceito mais positivo sobre a política quanto processo de ascensão e mitigação das desigualdades e vulnerabilidades sociais. E uma ferramenta importante, capaz de equilibrar o poder de decisão e direcionamento do orçamento e políticas públicas de equidade entre os diversos grupos sociais e a uma maior participação de mulheres e jovens na política é o voto popular soberano!

Com o acesso cada vez maior às redes sociais, as informações mudam a cada segundo, a cada minuto, o que nos remete a pensar estratégias mais eficazes de comunicação em tempo real e utilização das diversas ferramentas no processo formativo de novas lideranças políticas do campo. Com o advento das fake news, muito bem dominadas pela direita e extrema direita, a necessidade das organizações sociais reinventarem o modus operandis de se comunicar de forma mais direta e clara, principalmente sobre agricultura familiar é imperiosa para que possamos enfrentar os adversários e lograr sucesso na nova maneira de fazer política social e inclusiva.

Conclui-se que a sociedade passa por uma metamorfose na maneira de entender e fazer política, com discrepâncias nas diversas classes sociais, gênero, geração, etnia e religiosidade, necessitando que as organizações da sociedade civil e movimentos sociais pensem e busquem estratégias viáveis de se comunicar com a sociedade e construir um pacto sobre a importância do votos consciente e soberano como ação de DHAES.

*Coordenador Técnico - FASE Bahia