23/11/2017 15:39
Mônica Aguiar¹
O 2º Encontro Nacional de Ciberativistas Negras foi marcado por questionamentos sobre quais são os avanços e os desafios para ação política das mulheres negras na internet e muito debate, mas em clima de descontração. O evento aconteceu em outubro, no Rio de Janeiro, e contou com a presença de mulheres negras que atuam em diversos seguimentos em diferentes territórios do país. Reflexões profundas e análises de conjuntura também fizeram parte da programação e ocorreram durante encontro.
Apoiada pela Embaixada Britânica, a ONG Criola e Oxfan coordenam o projeto que tem como parceiras FASE, Ibase, Inesc e Instituto Pólis, e objetivo de mobilizar as vozes solitárias das mulheres negras para que sejam ouvidas, empoderadas e fortalecidas nas habilidades da comunicação já existentes e para o uso das ferramentas no combate a violação de direitos humanos.
Observei nas falas, a reafirmação do retrocesso em diversas áreas da política social no Brasil, além das violações aos direitos humanos e o aumento das manifestações racistas na internet. Reforçando que o Brasil é um país extremamente racista, comprovando os números de denúncias ocorridas de racismo institucionalizado das polícias, nos serviços médicos, na mídia, peças publicitárias, no mundo corporativo. As redes sociais trazem o reflexo do mundo off-line. São nestes espaços que vêm a tona todo o discurso de ódio, aversão ao povo negro e violações de direitos humanos. Práticas que ocorrem principalmente no cotidiano da vida das mulheres negras. As redes digitais desnudam as assimetrias sóciorraciais e as desigualdades existentes naturalizadas pela sociedade e abandonadas pelo Estado brasileiro.
A Rede de Mulheres Negras Ciberativistas nasceu em um encontro ocorrido nos dias 27 e 29 de janeiro de 2017, tornando uma ferramenta forte e segura para o fortalecimento das mulheres negras que desenvolvem on-line o combatem o racismo, ao sexísmo, à homofobia, à intolerância religiosa e que trabalham com a autoestima e visibilidade.
Plataforma Alyne
Através da Plataforma Alyne, o Criola disponibiliza ferramentas capazes de estimular e apoiar a mobilização política para prevenção e redução dos riscos potenciais ou reais de violação dos direitos humanos; para advocacy de ações, estratégias e políticas, assim como para o monitoramento de ações, estratégias e politicas públicas.
“Alyne”, foi inspirada na história de Alyne da Silva Pimentel Teixeira, uma jovem negra de 28 anos, da Baixada Fluminense, que em 2002 perdeu o bebê durante a gestação e também morreu, depois de esperar por 7 h para a remoção do feto já morto e sofrer complicações pós-cirúrgicas em um hospital do Sistema Único de Saúde (SUS). “Trazemos para internet a discussão do lugar da mulher negra na tradição afro-brasileira e por meio da plataforma Alyne, discutimos a defesa dos direitos delas”, explica Lucia Xavier, em entrevista ao Mundo Negro.
Rede Ciberativistas Negras
A Rede Nacional de Ciberativiastas em defesa das Mulheres Negras nasce a partir da reunião ocorrida entre os dias 27 a 29 de janeiro de 2017, no Rio de Janeiro, promovida no seio do projeto “Mulheres Negras Fortalecendo na Luta Contra o Racismo e Sexísmo” que está sob coordenação do Criola, para atuar em defesa dos direitos das mulheres negras, buscando desencadear ações rápidas, através do ciberativismo, bem como potencializando estratégias de comunicação desenvolvidas por mulheres negras que contestem narrativas racistas e sexistas no âmbito on-line e off-line.
Princípios e objetivos da Rede Nacional de Ciberativistas Negras
ü Somos uma rede de mulheres negras, formada por mulheres negras;
ü Reconhecemos as multiplicidades das vivencias das mulheres negras na sociedade brasileira;
ü Comprometemo-nos a difundir narrativas que valorizam práticas, experiências, conhecimento, lutas e conquistas das mulheres;
ü Defendemos: a vida, a democracia, os direitos humanos e sociais, os direitos reprodutivos e sexuais, o protagonismo das mulheres negras e o direito ao bem viver;
ü Combatemos: o racismo e todas as formas de opressão/exploração das mulheres negras, intolerância religiosa, o genocídio da população negra em todo território nacional.
ü Atuamos em defesa das mulheres negras nos ambientes virtuais e não virtuais;
ü Acolhemos e visibilizamos denuncias de violações de direitos das mulheres negras para o enfrentamento do racismo e sexismo, considerando as especificidades;
ü Difundimos narrativas que valorizam práticas, experiências, conhecimentos, lutas e conquistas das mulheres negras.
Integram a Rede de Ciberativistas Negras representantes do:
Amapá – Carla Ramos (AP) / Jessica Santos
Bahia – Laina Crisóstomo / Jessica Ipolito /Marjory do Rosário
Ceará – Jurema Werneck / Laelba Silva / Tatiana Paz
Distrito Federal – Helena Rosa / Laila Maryzandra/ Michely Ribeiro
Espírito Santo – Adrielly Miguel / Drica Monteiro
Góias – Dandara Baçã
Maranhão – Ivana Braga
Mato Grosso – Cristiniane
Minas Gerais – Mônica Aguiar
Pará – Eliane Aparecida / Flávia Ribeiro / Carla Barbosa
Paraiba – Maria Carolina Flor
Pernambuco – Elaine Cristina Ribeiro /Ellen Taline /Gimara Santana / Larisa Santiago / Monica Oliveira / Estela Maris/
Rio de Janeiro – Ana Almeida / Ana Beatris / Charlote Eanuelle / Cynthia Raquel /Jheniffer Raul / Laila Aurore / Lorena Cristina/ Lucia Xavier / Monica Cunha / Raika Julie/Roberta da Fonseca / Sassa – Sabrina de Souza/ Silvana Bahia / Vilma Neres/ Viviane Gomes/ Yasmim Pinto
Rio Grande do Norte – Jenair Alves / Rafaela Queiroz/ Rayane Nascimento
Rio Grande do Sul – Lucia Mariaci
São Paulo – Amine Carvalho/ Barbara Paes/ Camila Gomes/ Jheniffer Gomes/ Joice Berth/Luize Ferreira/ Luciana Bento/ Raquel Luanda
[1] Colunista do Portal Áfricas.