13/03/2023 15:22
Por Júlia Motta com colaboração de Júlia Tetê*
Neste ano de retomada de direitos políticos, o 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, é comemorado com ainda mais força e esperança. Depois de quatro anos de retrocesso nas pautas feministas e aumento da violência e discursos de ódio contra as mulheres, elas ocuparam as ruas com a perspectiva de avanço.
Apesar do sentimento de alívio, o caminho pela frente ainda é difícil. Segundo dados do Monitor da Violência, em 2022 o número de feminicídios bateu recorde, com 1,4 mil mortes motivadas pelo gênero – uma mulher morta a cada 6 horas. Outras formas de violência também se perpetuam: mulheres ganham 20% a menos do que homens na mesma função*, a insegurança alimentar é mais grave em famílias chefiadas por elas** e a maioria das vítimas de desastres naturais são mulheres***.
Por isso, o Dia Internacional da Mulher é um dia de luta. Organizadas em movimentos, mulheres saíram em manifestações por todo o país para reivindicar seus direitos e mostrar que continuam resistindo. As mulheres da FASE, que compõem a maioria da organização, também se articularam em seus territórios e organizaram suas lutas,seja apoiando seja mostrando sua força e voz. Este ano, participaram de marchas nos estados de Pernambuco, Pará, Espírito Santo e Bahia.
Ações da FASE
PE – Na FASE Pernambuco, uma roda de conversa foi realizada com mulheres de diversas ocupações e pescadoras artesanais. Rosimere Nery, educadora popular, ressalta que é preciso convocar as mulheres a fiscalizar a implementação de políticas públicas, pois “mesmo com Lula no poder, tem muitas forças que o apoiaram mas que não têm compromisso e nem interesse com a luta das mulheres e da população negra, especialmente mulheres negras e trans”, alerta. “Sabemos que as desigualdades de gênero e de raça são históricas, e quando falamos de racismo, a falta de oportunidade é muito grande.”
A educadora tem a perspectiva que neste novo ciclo, as conquistas das mulheres, retiradas pelo governo anterior “genocida, racista e machista”, serão retomadas. Apesar desse sentimento, ela alerta para o aumento dos casos de feminicídio e transfeminicídio em Pernambuco. “Só no período de carnaval, foram assassinadas oito mulheres. É urgente que o Estado Brasileiro de fato implemente políticas públicas de enfrentamento a violência contra as mulheres, mulheres negras e mulheres trans”, conclui
PA – A manifestação no Pará foi organizada pelo Movimento Sem Terra (MST) e contou com trabalhadoras do campo e da cidade. A FASE participou através de articulação com a Frente Feminista do Baixo Tocantis. O ato ocorreu em Belém e terminou com forte repressão policial contra as mulheres, que ocuparam as escadarias da Assembléia Legislativa do Pará, reivindicando melhores condições de trabalho.
ES – No Espírito Santo, o ato levantou a bandeira “Pela vida das mulheres: por direitos, derrotar os fascistas”, relembrando o ataque às escolas em Aracruz, em novembro de 2022, realizados por um atirador com símbolos nazistas. Uma manifestante relembrou o ocorrido e exigiu justiça. “Nós sofremos ataques neonazistas, e o que está sendo feito pelo governo do estado para combater essa células nazistas, os crimes de ódio e misoginia que matou nossas colegas?”, cobrou ela.
BA – Na Bahia, a FASE participou do Encontro Estadual de Mulheres, organizado pela Federação dos Trabalhadores(as) na Agricultura Familiar (FETRAF), que reuniu centenas de mulheres produtoras em Feira de Santana. O evento contou com painéis com temas relacionados à políticas públicas para mulheres, soberania alimentar, debates e discursos de violência contra mulher, trabalho reprodutivo, motivação e superação.
“Quero parabenizar todas as mulheres que estão aqui presentes e referenciar o protagonismo como agricultoras e promotoras da soberania alimentar e que têm um papel essencial no combate à fome”, reforça Rosiléia Mello, coordenadora da FASE Bahia.
* Fonte: Em todo mundo, mulheres recebem 20% a menos que homens
** Fonte: Fome piora ainda mais em casas chefiadas por mulheres, mostra pesquisa
*** Fonte: Gênero e clima
*Júlia Motta é estagiária de comunicação da FASE e Julia Têtê é comunicadora da FASE Bahia