Comunicação FASE
18/11/2025 15:26
Criar estratégias de financiamentos que atinjam organizações de comunidades tradicionais para se obter justiça climática, foi o foco do debate realizado no mini auditório da casa do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico Social), no dia 17 de outubro, promovido pela FASE em parceria com o Fundo Babaçu e a Rainforest Action Network (RAN).
Pedro Martins, educador da FASE Amazônia, que mediou o debate, disse que o tema é muito importante, não só por conta da COP30, “mas por todo o processo histórico que os movimentos sociais no Brasil têm de colocar a agricultura familiar, o agro-extrativismo e os territórios das comunidades tradicionais como sujeitos que podem se desenvolver economicamente, podem receber financiamento e que tem papel econômico importante para toda a sociedade brasileira”.
Para Letícia Tura, diretora executiva da FASE, o debate põe em evidência os problemas no financiamento bancário de uma forma geral, de como o financiamento bancário tem gerado desmatamento. “Existem poucos limites, poucas diretrizes para que efetivamente esses financiamentos bancários não venham na direção do desmatamento”. Ela ressaltou a necessidade de flexibilização das normas de financiamento para que, de fato, eles cheguem às comunidades. “A gente não fala que não quer normas, mas flexibilização delas para que sejam adequadas às realidades funcionais e às realidades das comunidades e que elas possam acessar esses fundos”, disse.
Letícia também destacou a necessidade dos fundos apoiarem a infraestrutura – como saúde, educação e transporte nos territórios, e que eles sejam inseridos em um planejamento territorial. “Para que, assim, eles possam se multiplicar, ganhar uma dimensão territorial, uma presença territorial, e não ser um projeto demonstrativo, isolado no local”. Ela apontou o Fundo Babaçu como alternativa de fundo que gera justiça climática e permite reparações.
- Fotos: Thaís Veronica / Verde Filmes
FUNDO BABAÇU
Criado em 2012, o Fundo babaçu nasceu da experiência do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) com o seu Fundo Rotativo de Microcrédito, para apoiar projetos socioambientais de grupos e organizações comunitárias de quebradeiras de coco babaçu. Hoje já movimentou mais de R$10 milhões, lançou 10 editais e beneficiou cerca de 100 projetos, envolvendo milhares de famílias.
Participando do painel, a coordenadora do MIQBC, entidade que gerencia o fundo Babaçu, Cledeneuza Maria Bezerra Oliveira, disse que ficou feliz em participar de um debate com tantas mulheres importantes e que é fundamental a divulgação do conhecimento tradicional para a proteção das florestas. “Foi bom estar testando aqui a nossa capacidade de entender os projetos e mostrar que nós também temos conhecimento”, comentou.
Já o representante da RAN, Merel Van Der Mark, disse que bancos que financiam empreendimentos que causam devastação das florestas devem ser penalizados também. “Se os bancos realmente investigassem seus clientes, eles saberiam se houve desmatamento”, disse Merel.
Por sua vez, a representante do Fundo Amazônia, gerenciado pelo BNDES, Claudia Nessi, afirmou que a instituição tem buscado formas de apoiar as entidades comunitárias, financiando organizações como o Fundo Babaçu. Ressaltou que o Fundo Amazônia já mobilizou recursos da ordem de R$4 bilhões, tem intensificado o diálogo com a sociedade civil e diversificado seus doadores. Ela encorajou a sociedade civil a fortalecer o Fundo Amazônia: “Quanto mais a sociedade civil estiver com a gente, podemos estabelecer estratégias para apoiar cada vez mais projetos”, declarou.



