13/08/2007 10:58

Planejado e conduzido pela Comissão de Animação da Articulação em Agroecologia do Sul da Bahia (FASE, SASOP, Núcleo Agroecologia da CEPLAC, EACMA, IESB, Terra Viva), realizou-se em Teixeira de Freitas, o IV Intercâmbio de Experiências em Agroecologia, nos dias 10 a 12/07/07.

Este evento se insere na série de encontros e intercâmbios iniciada na Sul da Bahia, em 2005, reunindo entidades que se identificam com os princípios e valores defendidos pela ANA (Articulação Nacional em Agroecologia). A Comissão de Animação da Articulação foi capaz de preparar e realizar eventos em Uruçuca, Uma, e Camamu, nos anos de 2005 e 2006, sempre enfatizando a prioridade de propiciar momentos de troca de informações e de intercâmbio de experiências protagonizadas por agricultoras e agricultores familiares já desenvolvendo atividades em agroecologia, tanto no que se refere à produção agropecuária, como em processos de comercialização, produção de conhecimento e de alternativas de Educação do Campo.

Estes eventos também reservam tempo e dinâmicas para socializar informações que contribuam para o entendimento do contexto regional. Agora no Extremo Sul da Bahia, território profundamente marcado pela expansão desenfreada da monocultura do eucalipto, preparou-se uma dinâmica reunindo os principais atores sociais da região para que expusessem aos participantes o que vem acontecendo em termos de lutas de resistência contra a monocultura, e de formulação de alternativas baseadas no fortalecimento da agricultura familiar e camponesa, reforma agrária, e demarcação de terras indígenas.

O IV Intercâmbio contou com a presença e participação de mais de 70 pessoas, representando entidades, movimentos sociais e experiências agroecológicas de Itamarajú, Teixeira de Freitas, Eunápolis, Itanhém, Jucuruçu, Prado, Tancredo Neves, Valença, Ibirapitanga, Camamu, Canavieiras, Ilhéus, Itacaré, Itabuna, Camacan, Taperoá, Igrapiúna.

Após receberem informações sobre o contexto histórico, econômico, social e político do Extremo Sul da Bahia, os participantes foram divididos em 4 grupos para visitarem diferentes experiências. O Grupo 1 foi conhecer o Assentamento de Reforma Agrária do MST – Km 40/45, caracterizado pela existência em todo o seu entorno de plantações de eucalipto de propriedade de empresas monocultoras. O Grupo 2 foi até a Aldeia Indígena Pataxó da Guanxuma, onde puderam ver não só a luta pela retomada do território indígena ocupado por fazendeiros e monocultura do eucalipto, como as tentativas dos índios de praticarem a agroecologia para aumentarem suas chances de sobrevivência e resgatarem sua cultura. O Grupo 3 foi ver de perto a experiência de Crédito Fundiário (antigo Cédula da Terra) que está acontecendo na Fazenda Santo Agostinho, em Itamaraju. Já o Grupo 4 foi conhecer as atividades desenvolvidas por uma família de agricultores agroecológicos de Itanhém.

Após retornarem das visitas, cada grupo preparou uma exposição, a ser feita em plenária, relatando o que foi visto nas experiências visitadas, realçando-se princípios orientadores identificados, avanços e dificuldades diagnosticados. O plenário apresentava pedidos de esclarecimento e debates foram feitos, alcançando-se razoável entendimento sobre o que cada uma dessas experiências visitadas representa, em termos da evolução e das potencialidades e desafios da construção agroecológica em um contexto marcado pelo avanço da monocultura do eucalipto, presença e luta de movimentos sociais, indígenas e populares.

Posteriormente organizou-se uma mesa, com exposições da FETRAF, CIMI, CEPEDES, e CDDH, organizações que há décadas atuam no Extremo Sul da Bahia, seja fortalecendo a organização comunitária e/ou sindical de agricultores familiares, seja a assessoria às lutas pela demarcação de terras indígenas, defesa dos direitos humanos, econômicos, sociais e ambientais, todas elas com posições institucionais bastante definidas de defesa da agricultura familiar e camponesa, em oposição ao agronegócio. Após cada exposição, pedidos de esclarecimentos eram feitos e respondidos, sendo que ao final travou-se instigante debate motivado pela exibição do documentário “Cruzando o Deserto Verde”.

No terceiro e último dia deste Intercâmbio, os participantes foram novamente divididos em grupo para debaterem e formularem propostas de aprofundamento de aspectos das experiências em agroecologia visitadas; e de prioridades para a continuidade da Articulação em Agroecologia no Sul da Bahia.