Editorial
02/09/2024 17:43

O ano de 2024 é daqueles momentos, de nossa história recente, em que a missão de assegurar o fortalecimento da democracia em nosso país nos convida à ampliação da participação cidadã. E, dessa vez, o voto consciente se torna ainda mais urgente e necessário.

A vitória eleitoral da democracia em 2022 foi um passo fundamental para o país chegar até aqui reconstruindo sua democracia, mas, ainda não com toda a radicalidade que a sociedade necessita para alcançar conquistas relevantes no seu cotidiano.

As mudanças estruturais, que tanto a sociedade brasileira exige, e mesmo iniciativas governamentais, que promovem políticas públicas essenciais à vida, continuam a enfrentar o poder de veto das bancadas conservadoras e antidemocráticas no Congresso Nacional e dos grupos financeiros, que monopolizam e determinam o escopo macroeconômico, que assegura a permanência das desigualdades por meio da financeirização ainda mais predatória de nossa economia.

A cada dia estamos vendo que se aprofunda a relação entre a exploração predatória dos bens comuns, crise climática, perda da biodiversidade e injustiça climática e o racismo ambiental, com disseminação de tecnologias de geração de energia e fundos verdes, que tem resultado em novos cercamentos dos territórios e impactos em modos de vida de povos indígenas, povos e comunidades tradicionais, agricultores familiares e populações periféricas das cidades, que geram nova expansão urbana e crise alimentar sobre os municípios e sobre os territórios de nossa atuação direta.

Enquanto isso, estão se fortalecendo candidaturas ao pleito municipal de perfis conservadores, alimentadas pelo fundamentalismo religioso, pela desinformação e sustentadas por narrativas dominantes em favor dos mesmos grupos familiares, dos mesmos interesses econômicos, muitas das vezes integrados a esquemas locais de violência e desestabilização das instituições públicas, que são comprometidas com a garantia dos direitos e com a democracia.

Nos primeiros passos do processo eleitoral de 2024, já observamos o uso de estratégias e mecanismos de desinformação, por parte de grupos políticos identificados com a extrema direita e seu projeto de desestruturação da vida das mulheres e das juventudes pobres e negras do campo, das cidades, das águas e das florestas. Isto amplia ainda mais a ameaça a esses segmentos sociais já afetados pela violência e pelas desigualdades de classe, gênero, raça e etnia.

Contra isso é que as Eleições Municipais nos convidam a estar ao lado de candidaturas que valorizem a participação popular, que tenham histórico de compromissos com os direitos humanos, com a inclusão social, com a segurança alimentar e nutricional, o direito a moradia, com o enfrentamento ao racismo, a misoginia, às desigualdades socioeconômicas e ambientais, com a justiça social, com a igualdade de oportunidades e o respeito à diversidade em suas propostas e programas eleitorais, entre outros compromissos.

A FASE por atuar diretamente com indivíduos, lideranças, famílias, comunidades, movimentos sociais, redes, organizações, grupos e coletivos urbanos, periurbanos e rurais, que agregam mulheres, jovens, agricultores familiares, agroextrativistas, quilombolas, pescadores artesanais e povos indígenas, dentre outros, convida a população a conhecer e a interagir com plataformas e outras proposições democráticas elaboradas para seus municípios por movimentos sociais, redes, fóruns e articulações da sociedade civil, para dar voz e dignidade aos que lutam por uma sociedade em que governantes ampliem seus compromissos.

A FASE se junta às movimentações da sociedade civil brasileira, que historicamente vem defendendo a lutas das mulheres, de negros e negras, indígenas, LGBTQIAPN+, quilombolas, pessoas com deficiências, populações das cidades, do campo, das águas, das florestas e outros tantos grupos ativos nas lutas coletivas.

E ao se juntar a essas causas, a FASE convida a você a refletir e a declarar seu voto contra os retrocessos na política no seu município em favor de quem promove a democracia e defende direitos coletivos!

Até o fim do processo eleitoral de 2024, a FASE divulgará reflexões e provocações sobre o tema, em artigos e publicações nas redes sociais a partir de suas atuações e das vozes dos diversos territórios e pautas de luta, por meio de conteúdos com o selo “FASE nas Eleições”.