Marina Malheiro
15/12/2023 17:45

Na última sexta-feira (08/12), aconteceu o encontro final do ciclo de formação inicial do projeto “Construindo Territórios Saudáveis”. O projeto é realizado pela FASE Rio com apoio do Plano Integrado de Saúde nas Favelas do Rio de Janeiro, coordenado pela Fiocruz.

Participaram da formação 12 jovens e mulheres, quatro de cada território envolvido: duas ocupações urbanas de moradia (FICAP, na Pavuna, e Quilombo da Gamboa, na Região Portuária) e o Complexo de Favelas de Manguinhos, que integram o projeto como Defensoras/es de Direitos Humanos. Calcula-se que cerca de 300 famílias serão diretamente beneficiadas pelas ações, incluindo a doação de cestas de alimentos produzidos pela rede agroecológica e a realização de atendimentos psicológico, em parceria com a UFRJ.

Foto: Marina Malheiro

Nesta etapa do projeto, o grupo de Defensoras/es de Direitos Humanos, junto com a equipe da FASE Rio e integrantes do CIDADES – Núcleo de Pesquisa Urbana (UERJ), concluiu e apresentou a metodologia de pesquisa que será aplicada nos territórios no início de 2024. As ferramentas escolhidas foram um projeto de jornal de bairro temático e um questionário com questões sobre o 1) perfil socioeconômico, 2) impactos da pandemia, 3) violências e violações de direitos e 4) equipamentos públicos e desigualdades de acesso nos territórios. A amostra e as entrevistas deverão apresentar resultados que podem fortalecer os coletivos que já estão nos territórios, potencializando suas atuações, suas lutas e seus processos de resistência e incidência.

O educador da FASE Rio, Bruno França, que coordenou todos os 8 encontros desse período, comentou sobre a importância das diversidades nesse processo e falou sobre as expectativas para a próxima etapa que se inicia em janeiro de 2024. “Tem uma questão fundamental que é a grande diversidade de idade, de território e também de inserção na luta e nos processos de resistência nos territórios. Tem gente que está lá já há muito tempo, na militância, tem gente que está se aproximando”, destaca. “A gente vem oferecendo formações para esses grupos e coletivos no sentido de fortalecê-los, e eles também se sentem confiantes em indicar pessoas que podem se firmar como novos integrantes. Então é como se a gente estivesse contribuindo para a formação crítica e política de novos integrantes, novos militantes para esses grupos”, ressalta.

Foto: Marina Malheiro

Bruno conta que já em janeiro serão retomadas as atividades, e o grupo de Defensoras/es de Direitos Humanos poderão, nos seus territórios, aplicar as ferramentas de pesquisa, preparando o jornal e aplicando os formulários.

Representando a Fiocruz, Richarlls Martins, coordenador do Plano Integrado de Saúde nas Favelas do Rio de Janeiro, falou sobre o potencial deste projeto. “É uma pesquisa que mistura o saber de quem está em uma Universidade, que utiliza metodologia científica, com quem está vivenciando a realidade no território”, explica.

“É muito importante porque de uma forma muito categórica os participantes conseguiram traduzir em uma ação, o que originalmente a gente [Fiocruz] tinha pensado há três anos emeio”, elogia. “Queríamos juntar todo mundo e produzir algo relevante. Então, estou muito curioso para acompanhar a metodolo

gia de trabalho dos territórios e poder me apropriar delas, e saber como a Fiocruz pode pensar e contribuir para a difusão dessas experiências”, afirmou o coordenador.

Foto: Marina Malheiro

Para o grupo de Defensoras/es de Direitos Humanos dos territórios, o ciclo de formação e a construção da metodologia de pesquisa se mostrou essencial para ampliar as perspectivas de análise da realidade, mas agora eles afirmam a vontade de colocar em prática tudo que aprenderam. “Investigar tudo, participar, conhecer outros territórios foi muito importante, porém a minha expectativa para o ano que vem é que possamos ir a campo coletar as informações e com elas construir algo que venha dar retorno para a nossa comunidade”, acredita diz Ana Paula Lopes, militante do Fórum Social de Manguinhos e integrante do projeto.

“Muita gente não tem informação e o curso está trazendo uma troca de saberes e de experiências importante. Foi muito gratificante chegar no final desse ciclo e ver que criamos, inclusive, uma rede de apoio” reforçou.

*Estagiária da Comunicação, sob supervisão de Paula Schitine