Maureen Santos e Marina Malheiro
06/12/2023 13:04

Movimentos sociais e sindicais, redes nacionais e organizações de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais brasileiras realizaram essa tarde no espaço da Coalizão COP 28, o evento de lançamento da Cúpula dos Povos da COP 30, que será realizado no Brasil em 2025.

O encontro teve início com a participação de vários representantes dos movimentos signatários e outros que estão se juntando ao processo. Toya Manchineri, da COIAB, apresentou as várias confederações indígenas da Amazônia e apontou a importância dos povos indígenas nas lutas sociais frente às mudanças climáticas e da unidade nessa construção

Sara Pereira, coordenadora da FASE Amazônia, e integrante do FOSPA (Fórum Social Panamazônico) foi uma das porta-vozes do lançamento da Cúpula dos Povos da COP30, e destacou os principais pontos de preparação para o evento que acontece daqui a dois anos, em Belém, no Pará. 

“Essa é uma iniciativa autônoma dos movimentos sociais, da sociedade civil da América Latina e do mundo como um todo. Na perspectiva de pautar e demandar os governos, tanto o brasileiro como dos demais países, para que cumpram as metas climáticas que são tão urgentes e necessárias”, ressalta Sara Pereira. 

Sara Pereira. Foto: Elitiel Guedes

“O mundo já se encontra em uma emergência climática, e as consequências já estão aparecendo, principalmente nos territórios dos povos originários e tradicionais em diversos continentes.  É extremamente importante que os países, especialmente os do norte global, que são os que mais produzem a crise climática, se responsabilizem por ela.”

E enfatizou: “O maior objetivo é pressionar os governos, para que de fato assumam a responsabilidade e o compromisso com políticas e investimentos que garantam o controle das emissões de gases do efeito estufa.”

Leticia Moraes, do CNS, falou dos conhecimentos tradicionais e de que estava muito feliz por estar aqui para poder dizer o que os povos extrativistas pensam.

Selma Dealdina, da CONAQ, fez uma homenagem emocionante para Nego Bispo, e falou da necessidade de ampliar as vozes negras no processo e que a COP 30 precisa ter acesso, acessibilidade e ser compreendida e internalizada na sociedade. Destacou que a COP precisa ser popular e humana, incluindo grupos sociais marginalizados das últimas duas COPs, como o LGBTQI+, realizadas em países violadores de direitos humanos. Luiz Vicente Facco, da CONTAG, apontou o desafio de ajustar as narrativas para ver se conseguimos estabelecer princípios e ações comuns, pensando estratégias para que nossas vozes sejam ouvidas.

eila Meuer, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) parafraseou Pedro Tierra dizendo que a liberdade da terra não é assunto só de lavrador, e fez um resgate de sua história no movimento e dos aprendizados dos povos que vivem na Amazônia e outros que como ela migraram para lá. Falou da importância da soberania alimentar e transição agroecológica. Já Mariana, da COP das Baixadas, disse que os amazônidas não são ouvidos e trouxe propostas sobre a yellow zone para a COP chegar nas periferias.

João Pedro, representando a Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima, disse que para o COP 30 ser diferente precisamos fortalecer as lutas dos territórios de várias partes do mundo, dar substância e territorialidade.

Talia do CONJUCLIMA, destacou a participação dos jovens nas discussões sobre clima e trouxe sua vivência amazônida e as dificuldades já sentidas por seu território pelos impactos da mineração.

Após as falas foi lida por Alana Manchineri da COIAB a carta Rumo a Cúpula dos Povos da COP 30, e Sara Pereira, da FASE abriu o microfone para contribuição de outras organizações brasileiras e da América Latina inscritas, que complementaram as reflexões.

O evento foi saudado como um passo importante para ampliar o processo de construção da Cúpula de forma autônoma e popular.

*Coordenadora do NuPA com colaboração da estagiária da comunicação da FASE sob supervisão de Paula Schitine