Rebecka Santos
07/06/2024 15:06

O que é ser mulher? Quais dificuldades as mulheres enfrentam? O que é racismo? Como o racismo se manifesta? Essas foram algumas das perguntas exploradas no primeiro dia do Curso sobre Feminismos, Raça e Direito à Cidade, realizado pela FASE Pernambuco com o apoio da Misereor. A atividade faz parte do projeto “Fortalecendo Mulheres e Suas Práticas Coletivas de Direito à Cidade”, que atua com mulheres periféricas de comunidades urbanas do Recife.

No debate, as participantes compartilharam suas experiências como mulheres brancas e negras, mulheres com deficiência, mulheres trans, mulheres jovens, adultas e idosas, mães e avós, entre outras identidades. Esta é a segunda edição do curso, que foi facilitado pelas educadoras Rosimere Nery e Sarah Vidal, e é destinado a mulheres que desejam aprofundar seus conhecimentos e práticas em defesa dos direitos humanos e da equidade social.

Ao relatar suas experiências pessoais, a desigualdade salarial e a falta de emprego foram pontos frequentemente levantados pelas mulheres. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres recebem, em média, 20,5% menos do que os homens. Ao falar sobre racismo, mencionou-se a violência policial e a perseguição em espaços públicos, confirmando o que o Relatório da Anistia Internacional aponta: mulheres negras são as principais vítimas de feminicídio no país, representando 67% dos casos notificados em 2020, enquanto as mulheres brancas correspondem a 29,5% e as indígenas, 1%.

No segundo dia de formação, o tema foi Direito à Cidade e Injustiça Socioambiental. André Araripe, educador da FASE Pernambuco, ajudou as participantes a identificar as injustiças socioambientais presentes em seus cotidianos, compartilhando experiências com serviços e infraestruturas em seus territórios. Além dos debates teóricos, o grupo explorou uma região do bairro da Madalena, na Zona Norte do Recife, para comparar os aspectos naturais, infraestrutura, mobilidade, moradia e segurança com os locais onde residem. Questões como o Direito à Moradia e ao Lazer, garantidos para os moradores daquela área, chamaram a atenção das participantes.

Para Eduarda Santos, a formação foi uma oportunidade de conhecer seus direitos. “Nós, mulheres, somos discriminadas o tempo todo, e a FASE nos ajudou a ver que não somos o que a sociedade idealiza. Além disso, ter contato com outras mulheres é ótimo. Estamos em contato e nos fortalecendo”, afirma a moradora da comunidade Sapo Nu, localizada às margens da BR-232, no Curado.

O projeto tem como objetivo fortalecer mulheres de periferias urbanas em sua identidade feminista, para que exerçam liderança multiplicadora na mobilização popular e na conquista de direitos à cidade e respectivas políticas públicas, com ênfase na justiça ambiental. Além disso, busca enfrentar os efeitos das desigualdades socioambientais, especialmente da fome, em suas comunidades, por meio de práticas de defesa da soberania e segurança alimentar e nutricional, ações de implantação e ampliação de hortas comunitárias e cozinhas solidárias, além do fortalecimento da pesca artesanal, gerando condições de sustentabilidade.

*Comunicadora FASE Pernambuco