21/10/2016 14:43
Jovens agricultores familiares da comunidade Rio do Braço, em Mutuípe, na Bahia, estão desenvolvendo atividades de geração de renda e construindo conhecimentos sobre práticas agroecológicas, ampliando e diversificando seus plantios e criações. Além disso, o grupo está conhecendo outras experiências de produção, organização, comercialização e agroindustrialização protagonizadas por agricultores e agricultoras familiares em diferentes comunidades e municípios do Baixo Sul e do Vale do Jiquiriçá.
Para o educador Nadilton Andrade, essa comunidade é uma das mais organizadas da região do município, possui uma associação atuante que conta com apoio de parceiros do programa da FASE na Bahia e o Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Sintraf). “Essa mobilização possibilitou estruturar uma agroindústria comunitária que beneficia os produtos desses agricultores, agregando valor e organizando a sua comercialização”, conta.
Eliene de Jesus Santos, 29 anos, jovem agricultora familiar e tesoureira da Associação dos Moradores do Rio do Braço, explica que antes de ter acesso às capacitações pensava em sair da comunidade, mas que hoje é diferente. “É importante ressaltar que essa iniciativa se soma a outras ações que nos dão condição de olhar a questão da terra. Mudei muito a minha visão sobre a agricultura familiar e sobre o sistema agroflorestal”, exemplifica.
Nadilton lembra que a iniciativa possibilita a ampliação de conhecimento nas áreas de gestão do empreendimento, melhoria sustentável da produção e apoio logístico. “Atividades formativas vêm sendo feitas nas áreas de cooperativismo, produção agroecológica e realização de estudos de viabilidade econômica da produção. Além de adquirir os equipamentos para aumentar a produção da agroindústria já existentes, os jovens planejaram a aquisição de um veículo utilitário para escoar a produção local, que foi possível a partir do acesso ao Programa Juventude Rural da Fundação Banco do Brasil [FBB]”, comenta.
Paulo Demeter, coordenador do programa da FASE na Bahia, afirma que as reflexões e debates apontam para a necessidade de encontrar alternativas de agregação de valor à produção local. “Como as áreas de terra disponíveis para cada família agricultora são muito pequenas, o volume da produção individual não é significativo. Então, pensamos e estamos em busca de formas de somar a produção de cada família, para termos um volume maior e mais diversificado de produtos. Por isso, tanto a associação comunitária local, como a Coopeípe [Cooperativa dos Trabalhadores na Agricultura Familiar, Economia Solidária e Sustentável dos Municípios de Mutuípe e do Vale do Jiquiriçá], vêm sendo apoiadas pelos moradores da região”, conta.
“Em 2015, a partir do apoio da FBB, criamos um projeto para compra de equipamentos como chapa de preparo industrial, freezer, seladora, balança e utensílios industriais. Com jovens e outros moradores da comunidade, formamos grupos para produzir para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Ao todo, participam da ação 30 famílias e cerca de 15 jovens com objetivo de trabalhar juntos para gerar renda para a comunidade”, explica Eliene.
Demeter chama atenção para o fato de que, além das capacitações sobre a implantação de sistemas agroflorestais com plantio de espécies frutíferas e essências florestais, os jovens participam de oficinas sobre a elaboração de planos de negócios e de visitas técnicas e utilização dos equipamentos adquiridos com recursos do projeto Juventude Rural. “Para a FASE, esta sinergia entre ações apoiadas pela União Europeia¹ e aportes oriundos da FBB são fundamentais, não só pelo alcance de objetivos comuns que são significativamente ampliados e qualificados, mas também porque representam mais um passo concreto na consolidação de alternativas de geração de renda sustentáveis, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida de dezenas de famílias agricultoras”, conclui.
[1] O conteúdo deste artigo é de responsabilidade exclusiva da FASE, não podendo, em caso algum, considerar que reflita a posição da União Europeia.