16/07/2008 14:47

Fausto Oliveira

Um grupo de ONGs cariocas se juntou ao Observatório de Favelas e ao Fórum de Juventude do Rio de Janeiro para uma iniciativa cidadã neste ano de eleições municipais. Trata-se de uma dinâmica de encontros de formação sobre a política municipal e os direitos e interesses da juventude. A idéia é culminar com um encontro da juventude com os candidatos a prefeito(a) da cidade. Este trabalho dá seguimento ao processo de conferências estaduais e nacional sobre direitos da juventude, que vem mobilizando jovens em todo o país na discussão de uma cidadania jovem e ativa.

Vão se dois encontros de jovens com as organizações que propuseram a iniciativa (a Fase, o Iser, o Viva Rio e o Observatório de Favelas). O primeiro deles será no dia 2 de agosto. Depois, haverá outro e em seguida o debate com as candidaturas em disputa. Os encontros de formação serão oportunidades de esclarecimento e ativação do debate sobre como a juventude enxerga a cidade e o que ela espera do poder público em termos de educação, saúde, cultura, lazer, esportes, mobilidade urbana, enfim… Todos os aspectos fundamentais da vida urbana que, dependendo do tipo de política que se faz (ou não) podem determinar se os jovens terão condições para uma inserção social digna e, principalmente, que os realize como sujeito.

“A idéia é repetir o que já vem acontecendo com as conferências estaduais e nacional, e levar essas propostas para os candidatos a prefeito. Mas em vez de reproduzir as propostas das conferências, vamos trazer de novo algumas coisas para o debate com os jovens. A partir daí vamos criar uma plataforma da juventude para a prefeitura, tentar criar um compromisso com os candidatos”, diz Roberto Gevaerd, do Núcleo de Direitos Humanos da Fase e um dos responsáveis pela iniciativa.

O projeto se caracteriza tanto como político como pedagógico. Além da necessidade de intensificar a presença política da juventude numa cidade hoje marcada pela exclusão e a violência, as reuniões vão abordar a falta de clareza sobre o cenário institucional do qual as políticas públicas dependem. Como diz Roberto Gevaerd, “Uma questão de saúde que surge muito é o aborto, mas as pessoas às vezes não entendem que o prefeito não tem nada a ver com isso. Então o trabalho também é identificar para os grupos o papel da prefeitura e de que forma eles têm que atuar no debate maior das propostas nacionais e transformar isso para o município”.

Esperam-se cerca de 100 jovens em cada um dos encontros, mas não há um limite à participação. Certamente, um dos maiores benefícios desta empreitada será o fortalecimento do Fórum de Juventude do Rio de Janeiro. É uma organização autônoma de jovens de diferentes regiões da cidade com diferentes visões e culturas, mas que trazem para este coletivo uma urgência de mudar para melhor o Rio, cuja tradição democrática e tolerante está se perdendo em meio a escabrosidades cada dia mais indizíveis.