24/12/2016 15:24
Enfrentando uma dura realidade diante da ofensiva capitalista na região do Baixo Amazonas, no oeste do Pará, representantes dos movimentos sociais de Santarém realizaram o Pré-Fórum Social Panamazônico (FSPA)¹ com o tema “Alternativas de resistência à destruição do território”. O encontro ocorreu no dia 10 de dezembro, com a participação de 130 pessoas, entre elas indígenas, quilombolas, jovens, mulheres, religiosos, representantes sindicalistas e de associações comunitárias, professores, estudantes e trabalhadores rurais.
Apoiada pela FASE e pelo Fundo Dema, com o objetivo de articular as organizações sociais para propor alternativas de resistência à destruição do território, a atividade instigou o debate sobre a conjuntura política brasileira e as estratégias de fortalecimento dos movimentos sociais frente a um governo que a cada o momento retrocede em todos os direitos humanos, econômicos, sociais, culturais e ambientais.
A partir de Rodas de Diálogos, os participantes fizeram um resgate das edições anteriores do FSPA e ainda dialogaram sobre as reformas do governo federal, a implantação da PEC 55 e os impactos negativos sobre a sociedade e, principalmente, os povos da Amazônia. Em outra Roda de Diálogo, foram expostos os resultados dos encaminhamentos do seminário “Defesa da Amazônia”, ocorrido no último mês de novembro, com o objetivo de se fazer conhecer a Amazônia para lutar em defesa da fauna, flora e dos povos que nela habitam, a partir de estratégias de resistência e enfrentamento à ofensiva do capital, com formação política e social e o fortalecimento da articulação dos movimentos sociais.
A terceira Roda de diálogo possibilitou debater sobre as experiências autônomas de desenvolvimento e resistências. Representantes de diversas entidades expuseram as dificuldades enfrentadas na luta pelo reconhecimento social e pela garantia de direitos. De acordo com Antônio Perreira, indígena da etnia Munduruku Cara Preta e atual coordenador do Conselho Indígenas Tapajós-Arapiuns (Cita), a articulação por meio do Fórum Social Panamazônico tem possibilitado a perseverança dos grupos oprimidos frente as ameaças aos povos e territórios.
“É um desafio constante para os indígenas, quilombolas, ribeirinhos. Dentro de Santarém tivemos uma grande discussão sobre o Porto Maicá, que está totalmente ameaçado. Querem levar com eles o território dos Munduruku. Também discutimos sobre o Protocolo dos Indígenas, que não está sendo respeitado e nós não somos consultados. Querem abrir o canal do Tapajós para a entrada de navios de grandes navios da Cargil. Nossos rios estão secando. Temos tanto amor pela nossa mãe terra, mãe natureza, mas os homens de olho grande querem acabar com nossas riquezas”, destaca Antônio.
[1] Fonte: Fundo Dema.