27/06/2019 17:55
A sociedade brasileira perdeu um grande lutador: Bráulio Rodrigues da Silva. Ele, que faleceu no último dia 20 de junho, era membro há mais de 30 anos da Assembleia de Associados (as) da FASE, para a qual trazia a contribuição da sua longa experiência de luta pelas causas populares e o exemplo da sua inquebrantável combatividade.
Nascido em 1923, Bráulio ficou órfão aos seis anos de idade. Era ainda criança quando partiu de sua terra natal, Januária, ao norte de Minas Gerais, para a capital mineira Belo Horizonte. Depois de uma infância pobre, cedo foi seduzido pela militância organizada na luta pela terra, cuja história foi narrada no livro de sua autoria “Memórias da Luta pela Terra na Baixada Fluminense”¹. Ele participou das mobilizações camponesas de Pedra Lisa, em Nova Iguaçu (RJ). Chegara ali clandestino, perseguido pela polícia devido às atividades em Volta Redonda (RJ), quando o Partido Comunista entrou na ilegalidade, em 1948.
Em 1966, foi preso e permaneceu detido por seis meses, três dos quais, incomunicável. Até 1974, seria preso, segundo seus próprios cálculos, mais de 20 vezes. Na última delas, estava trabalhando na roça quando um general o abordou obrigando-o a sair de seu sítio. Bráulio perdeu as benfeitorias, os animais, a roça.
Mas sua trajetória² não se limitou a esse importante engajamento nas lutas camponesas. Bráulio também teve um importante papel junto aos movimentos de moradia e ao Movimento Nacional de Defesa de Direitos Humanos de Petrópolis. A FASE lamenta o seu falecimento e presta solidariedade aos seus amigos, companheiros de luta e familiares.
[1] Autor: Bráulio Rodrigues da Silva. Rio de Janeiro: Edur/Mauad, 2008 (organização de Leonilde Servolo de Medeiros do CPDA/UFRRJ)
[2] Com informações de: Rio de Janeiro: Mario/ Grynszpan, 1987. Mobilização camponesa e competição política no estado do Rio de Janeiro (1950-1964). PPGAS-MN/UFRJ.