07/11/2014 14:18

Policiais no bairro do Guamá, um dos seis bairros onde ocorreram os crimes (Fotos Públicas_Eliseu Dias/ Ag. Pará)

Policiais no Guamá, um dos seis bairros onde ocorreram os crimes (Fotos Públicas/Eliseu Dias/ Ag. Pará)

Confira aqui fotos do protesto (atualizado em 14 de novembro).

Organizações da sociedade civil realizarão uma manifestação em Belém na terça-feira (11) para cobrar a apuração dos assassinatos de pelo menos nove pessoas, ocorridos nessa semana, em seis bairros da capital paraense. Em nota, as entidades alertam sobre um problema de todo o país: “a ineficiência da política de segurança adotada”, centrada no “aparelho repressivo e na guerra aos pobres”.

Os crimes na capital do Pará aconteceram em um intervalo de poucas horas, na madrugada do dia 5 de novembro, após o cabo da polícia militar Antônio Marcos da Silva Figueiredo ter sido ser morto a tiros na rua onde morava. Sobre a situação, as organizações apontam que governo do estado “tem uma parcela de responsabilidade com o envolvimento de policiais com milícias e grupos de extermínio”, ressaltando as precárias condições de trabalho e os baixos salários de soldados, cabos e sargentos.

Dados da Ouvidoria de Segurança Pública paraense mostram que, em 2013, foram identificados 135 homicídios cometidos por agentes de segurança pública, sendo 122 realizados por PMs, 12 por policiais civis e um por Bombeiro Militar. Segundo informações no documento, o Pará é o sétimo estado mais violento do Brasil, com um índice de homicídios de 41,7 mortes a cada 100 mil habitantes.

“Avaliamos que uma verdadeira política de segurança pública não se implanta com repressão e nem com caravanas ou ações pontuais, mas com mudanças na política econômica e investimento em educação, saúde, cultura, esporte e lazer, o que é cotidianamente negado à juventude pobre nas periferias brasileiras, condenada a um futuro de incerteza, onde predominam a exploração sexual e a criminalidade”, analisa o documento.

As organizações exigem do governador Simão Jatene (PSDB) a devida apuração desse extermínio em Belém. “Em defesa da vida, não nos calaremos!”, reforça a nota assinada por mais de 100 entidades, dentre elas a FASE, a Sociedade Paraense de Direitos Humanos (SPDH), o Conselho Regional de Psicologia, e outras. Além dos assassinatos, o documento lembra que houve “agressões físicas e violências simbólicas, como o toque de recolher imposto por policiais, que relembrou os anos de chumbo da Ditadura”.

“Queremos transformar nosso luto em luta”

A manifestação convocada em Belém acontecerá na Escadinha do Cais do Porto, a partir das 9h. O protesto pedirá um basta ao extermínio nas periferias. A passeata deve seguir em direção à Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) para cobrar a instalação imediata de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre segurança pública, com foco na investigação de milícias no Pará.

Leia aqui a nota completa e saiba quais entidades assinaram o documento.