21/10/2008 12:38
Ao completar um ano da execução do trabalhador rural Valmir Mota, o Keno, no campo experimental de transgênicos da Syngenta Seeds, a Plataforma Dhesca Brasil lança o relatório elaborado a partir da missão conjunta que investigou, entre outras denúncias, o ataque ao acampamento onde Keno estava. Em março deste ano, os relatores Clóvis Zimmermann (Alimentação e Terra Rural) e Marijane Lisboa (Meio Ambiente) estiveram na área do conflito entre trabalhadores rurais e a multinacional que cultivava ilegalmente soja transgênica no entorno do Parque Nacional do Iguaçu. O resultado da investigação deles será entregue para diversas autoridades nesta terça-feira (21), em Cascavel (PR).
A partir da denúncia apresentada pelo CONSEA, Fórum Estadual de Segurança Alimentar e pela organização de direitos humanos Terra de Direitos, os relatores investigaram as situações que marcaram este caso, desde o plantio ilegal de transgênico, a ocupação da área pela Via Campesina até o ataque da empresa de segurança NF, contratada pela Syngenta Seeds, ao acampamento montado pela Via Campesina, que resultou na morte trágica de duas pessoas, com outras cinco feridas.
Após a análise de todas as informações recolhidas durante a missão e dos documentos a que tiveram acesso, as Relatorias puderam concluir “pelas sucessivas violações de direitos humanos a que foram e estão submetidos os trabalhadores e trabalhadoras rurais do oeste do Paraná”. Como recomendações, apontam ao Governo Federal a necessidade de priorizar as ações para a Reforma Agrária e ao Poder Judiciário do Paraná de que não acolha denúncias injustificadas, referindo-se ao fato de que os líderes dos movimentos atacados pela milícia armada estão sendo criminalizados. Além disso, pede a Polícia Federal, ao Ministério Público e ao Ministério de Justiça que investiguem as empresas de segurança em atuação irregular no Paraná.