Marina Malheiro
04/10/2023 09:00

No primeiro dia da Plenária, a educadora, Fran Paula, da FASE Mato Grosso e da coordenação da Campanha Contra os Agrotóxicos,  fez uma palestra sobre Racismo Ambiental e os Impactos na Alimentação, dividida em diversas pautas: como e quais são os tipos de racismos estruturais, quais são os impactos gerados na alimentação, insegurança hídrica, desafios para a agricultura quilombola, o papel da mulher no racismo ambiental. E  também apresentou algumas propostas para a solução da temática.

 

“A plenária toda foi dedicada a avaliar, analisar e refletir sobre racismo estrutural, e como o assunto atravessa o tema da soberania e segurança alimentar, dos seus sistemas alimentares, não só produção mas abastecimento também.” afirma, Fran Paula.

 

A apresentação também reforçou preocupações com o aumento do agronegócio no Cerrado brasileiro. O avanço deste tipo de negócio e grandes empreendimentos têm impossibilitado a produção de alimentos e modos de vida de povos e comunidades tradicionais no cerrado brasileiro por conta da destruição dos recursos naturais com o uso indiscriminado de agrotóxicos. “Observa-se um processo de erosão da agrobiodiversidade destes territórios, incluindo a perda de variedades alimentares (vegetais e animais) de importância cultural para as comunidades e seus conhecimentos tradicionais associados”, denuncia Fran.

 

“Mais do que nunca é um movimento político importante para se pensar sobre soberania alimentar no Brasil, considerando os dados de insegurança alimentar e fome que atingem em sua maioria a população preta no país”, afirma. “Então é muito importante a volta do CONSEA, que é um órgão fundamental porque tem um diálogo direto com a presidência da república estar debatendo temas que são fundamentais para entender a sociedade brasileira e como ela se estrutura, e também propor ações e políticas públicas no âmbito nacional para poder enfrentar o racismo, que tanto gera desigualdades e violências para pessoas pretas e povos indígenas”, finaliza Fran Paula.

 

Cidinha Moura que é a coordenadora da FASE Mato Grosso e conselheira do Consea fala sobre a importância de incluir a temática do racismo ambiental . “A plenária com toda essa temática foi muito relevante, e a participação da Fran foi importante pois trouxe a discussão dos sistemas alimentares relacionados com os povos e comunidades tradicionais, enfatizando o racismo ambiental e agrário”, pondera. “E já estamos colocando em pauta a 6ª Conferência de Segurança Alimentar que deverá ser realizada em dezembro deste ano” , completa Cidinha. 

 

“O Brasil é um dos países com maiores índices de desigualdade social do planeta. Desigualdades estas geradas, sobretudo, pelo racismo estrutural que historicamente tem mantido as populações negra e indígena privadas de direitos sociais e condições dignas de vida. Desigualdades estas fundamentadas na mesma lógica de dominação eugenista e na violência, desde 1500, com a chegada dos portugueses.” Esse trecho foi retirado de uma das publicações que a educadora Fran Paula, fez parte.

Leia mais no link: https://www.cese.org.br/wp-content/uploads/2023/08/RACISMO_SISTEMAS_AGROALIMENTARES_2112.pdf

 

*Estagiária da Comunicação, sob supervisão de Paula Schitine