13/12/2006 13:15
Gloria Regina Amaral
Esta manhã (13/12), aproximadamente 1000 trabalhadores com uniformes da Plantar, empresa que presta serviços para a Aracruz Celulose, invadiram o porto da Aracruz ocupado ontem pelos índios Tupinikim e Guarani. A despeito do clima de tranqüilidade que reinava, os trabalhadores da Plantar chegaram em bloco ao local com a intenção de expulsar os índios do porto.
Enquanto Governo do Estado e Polícia Federal adotaram a postura de aguardar as negociações, a empresa resolveu agir por conta própria e, ao que parece, praticamente obrigou seus trabalhadores a participarem de um confronto com os índios. Segundo Fábio Vilas, membro da Rede Alerta Contra o Deserto Verde, houve trabalhador que afirmou estar sendo obrigado pela empresa a invadir o local.
Às 10h desta manhã, entrevistando Fábio por telefone, ouvimos claramente as palavras do vereador e presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Extrativas de Madeira de Aracruz – Sintiema, Davi Gomes, que, com um carro de som incitava os trabalhadores a expulsar os índios do porto. “Vamos tentar negociar a saída deles com o vereador Carlos Vereza e a polícia, se não conseguir negociar, a gente tira eles de lá! Não tem jeito! Ou sai ou sai!”
Segundo o membro da Rede Alerta Contra o Deserto Verde, trabalhadores e índios quase chegaram ao confronto de fato pouco antes da entrevista, no que foram impedidos pelos policiais presentes que fizeram um cordão de isolamento. Os índios recuaram da portaria onde estavam e voltaram para o local do porto onde estavam acampando. Mesmo assim, o presidente do Sintiema, Davi Gomes, continuou incitando os trabalhadores. “O estranho, disse Fábio, é que são trabalhadores do plantio e não os do porto invadido que estão aqui para o confronto”.
Vilas informou ainda que a Rede Alerta está tentando contato com a CUT para tentar, através dos sindicatos, uma negociação com o Sintiema e com o Sinticel (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Celulose) para que os trabalhadores deixem o local. O porto ocupado está prestes a virar uma praça de guerra e o Governo Federal ainda não se pronunciou quanto à demarcação das terras reconhecidas pela FUNAI como sendo dos índios e ocupadas pela Aracruz Celulose.
O que está acontecendo? Na manhã do dia 12 de dezembro, cerca de 200 índios Tupinikim e Guarani, do município de Aracruz, no Espírito Santo, ocuparam o porto da empresa Aracruz Celulose. O objetivo é pressionar o governo brasileiro para que demarque, de uma vez por todas, as terras tradicionais desses povos. São 11.009 hectares de terras que hoje são exploradas pela empresa Aracruz Celulose. O processo das terras Tupinikim/Guarani encontra-se no Ministério da Justiça, desde setembro deste ano, com o parecer da FUNAI favorável à demarcação.