19/12/2012 12:16

O Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad) realizou, nos dias 06 e 07 de dezembro, um Encontro sobre o “Resultado dos estudos sobre os impactos socioambientais da soja e propostas de ações”. Participaram líderes de associações e cooperativas rurais, representantes de sindicatos de trabalhadores rurais, agricultores familiares, assentados e pesquisadores brasileiros e moçambicanos. O Encontro foi realizado em Lucas do Rio Verde, município no qual se concentraram os estudos sobre os impactos do agronegócio na região do médio norte do Mato Grosso.

O Encontro é parte do projeto “Avaliação dos impactos socioambientais da produção de agrocombustíveis em Mato Grosso”. Por meio de oficinas e pesquisas de campo com comunidades locais, os resultados preliminares evidenciam neste município uma situação de grande produção agrícola combinada com quadro de insegurança alimentar. Lucas do Rio Verde é responsável por 1% de toda a produção de grãos do país. Dos 364 mil hectares da cidade, 266 mil são lavouras de soja. Quase 70% do município é ocupado por essas monoculturas que pertencem a poucos proprietários e consomem grande quantidade de agrotóxicos. A falta de diversidade de alimentos e o excesso de químicos – que inviabilizam outras produções agrícolas por contaminarem o ambiente e degradarem o solo – colocam em risco a segurança alimentar da população. A maioria dos alimentos consumidos no Mato Grosso é proveniente de outros estados.

Os agricultores de assentamentos dizem não receber assistência técnica, nem acesso ou incentivo aos programas de aquisição de alimentos. Afirmam também que não há infraestrutura, como estradas, para acesso aos centros urbanos da região. Isto inviabiliza a venda de seus produtos. Além disso, garantem que sua produção está sendo perdida devido às pragas que aumentam graças ao uso de agrotóxicos nas monoculturas. A diminuição do uso da terra para produção também gera o fim dos laços com a natureza característicos das populações tradicionais.

O projeto que avalia os impactos dos agrocombustíveis também vai analizar efeitos das monoculturas de cana-de-açúcar. O objetivo do relatório é alertar autoridades locais e internacionais sobre a necessidade de controle destes impactos ampliados com o crescimento da demanda mundial por agro-combustíveis.

Cooperação

Essa agricultura de larga escala, baseada principalmente na cultura de soja, que predomina no Mato Grosso, é o modelo do programa ProSAvana que o governo brasileiro – aliado ao do Japão e ao de Moçambique – pretendem implantar no país africano. O ProSavana está sendo implementado sem consulta à população que será atingida no Corredor de Nacala. Para saber mais sobre os impactos deste tipo de ação do governo brasileiro em terras extrangeiras leia a publicação “Cooperação e Investimentos Internacionais do Brasil”

Carolina Vaz com informações de Caio B.O.B, em reportagem publicada no Formad.