21/09/2016 14:45

plnob1-292x300Na América Latina, as organizações que integram a Rede Latino-Americana contra as Monoculturas de Árvores (RECOMA), do qual o programa da FASE no Espírito Santo faz parte, chamam atenção para o dia 21 de setembro, data que marca o Dia Internacional de Luta contras as Monoculturas de Árvores.

Em declaração, as organizações lembram que a data foi lançada no Brasil, em 2004, pela Rede Alerta Contra o Deserto Verde, para que fosse um momento especial, a cada ano, para denunciar os graves impactos do modelo de produção industrial de árvores em grande escala sobre comunidades e ecossistemas. Todos os anos, várias ações são realizadas durante o mês de setembro para visibilizar as lutas e denunciar os impactos negativos das plantações de árvores sobre seus meios de subsistência e seus territórios.

Leia a declaração:

Dia Internacional de Luta contra as Monoculturas de Árvores

Neste 21 de setembro, nós, organizações que integram a Rede Latino-Americana contra as Monoculturas de Árvores – RECOMA – mais uma vez, e como todos os anos, denunciamos os impactos provocados pelas grandes monoculturas sobre os ecossistemas e as comunidades que vivem neles, em todo o território de nossos países.

Apesar de haver documentação mostrando os efeitos nocivos das monoculturas sobre os territórios (poluição e esgotamento de solos e águas), as plantações continuam se expandindo, com sua lógica de crescimento ilimitado, concentrando terras e dando sustentação a um sistema de saque, em muitos casos associado à violência contra comunidades indígenas, negras e camponesas, o que é um denominador comum.

Plantação de eucalipto. (Foto: Gilka Resende / FASE)

Monocultivo de eucalipto no Espírito Santo. (Foto: Gilka Resende / FASE)

Enquanto o saque avança, as empresas procuram se “reinventar” e esconder seus graves impactos atrás de novos nomes, selos e certificados “verdes”, de políticas de “responsabilidade social” sob a maquiagem da economia “verde”. Essa expansão provoca graves problemas para as comunidades direta ou indiretamente afetadas.

É por isso que não podemos deixar de levantar a voz. O objetivo deste dia é dar visibilidade especial à luta contra as monoculturas, às violações dos direitos que muitos povos e comunidades sofrem quando as plantações avançam e se estabelecem em seus territórios.

Mas acima de tudo, visa celebrar a resistência e a solidariedade entre comunidades no nosso continente, e o fato de que esses processos de resistência andam de mãos dadas com um modelo diferente de geração de alimentos e gestão do território, no qual as monoculturas não têm lugar e no qual, pelo contrário, sobrevivem conhecimentos tradicionais e de manejo da floresta que, em muitos casos, são milenares.

Isso é muito importante porque a oposição por parte de movimentos sociais, organizações camponesas, indígenas, negras e outras é respondida com ameaças, criminalização e, às vezes, até mesmo com a morte.

Essas plantações de eucalipto, pinus, dendezeiros, teca e acácia, localizadas no Sul Global, respondem a uma lógica de produção e consumo excessivo que prevalece nos países do Norte. Normalmente nas mãos das corporações transnacionais ou grandes grupos econômicos nacionais, elas ocupam grandes extensões de território, substituem ecossistemas como florestas, cerrado ou pradarias (pampa), e têm impacto negativo sobre as comunidades locais, ou seja, sobre quem tem menos recursos.

Por essas razões, neste dia e em todos os dias, convidamos você a se posicionar contra as monoculturas de árvores.

As monoculturas de árvores monopolizam territórios, expulsam comunidades e destroem ecossistemas!

As monoculturas de árvores secam, contaminam e mudam o curso de
nossos rios e córregos!

As monoculturas de árvores não dão abrigo, nem alimento, nem remédios!

Plantações NÃO são florestas!