01/07/2019 18:05
O “Encontro de Mulheres e Agricultura Urbana: Economia Feminista e Direito à Cidade” aconteceu nos dias 12 e 13 de junho, na cidade de Recife, em Pernambuco (PE), e teve o objetivo de pensar e articular ações dentro do debate da agricultura urbana nos territórios. O evento, que contou com cerca de 30 mulheres das regiões metropolitanas de PE, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte, foi promovido a partir de uma parceria do Instituto Pacs com Casa da Mulher do Nordeste, Associação de apoio às Comunidades do Campo (AACC – RN), FASE e ActionAid.
A atividade foi uma continuidade do primeiro Encontro de Mulheres e Agricultura Urbana, ocorrido em setembro de 2018, com intuito de retomar o que já tinha sido discutido e evoluir no debate a partir do viés do direito à cidade. A programação contou com a elaboração de mapas, oficinas, rodas de conversas e debates dentro das temáticas da economia feminista, do mundo do trabalho, da agricultura urbana e do direito à terra e território. “Foi pensada uma construção metodológica que permitiu que as mulheres se reencontrassem, para refazer essa liga que foi iniciada no ano passado, mapear os intercâmbios que aconteceram entre esses grupos e avançar”, explica Aline Lima, coordenadora e educadora popular do Instituto Pacs.
A ideia do encontro, para além da economia feminista e da produção de alimentos para comercialização, era dar luz para a necessidade de visibilidade do trabalho das mulheres na agricultura urbana dentro de outras pautas, como as práticas de medicina popular e saúde.
A partir do evento, foi criada ainda a Coletiva de Mulheres e Agricultura Urbana de Pernambuco, que pretende atuar a partir de uma agenda comum de interesses, intercâmbios e ações. “Foi importante para animar a luta cotidiana, e fortalecer a ação, com trocas de experiências, formações e compartilhar agendas comuns”, pontuou Graciete Santos, presidenta da Casa da Mulher do Nordeste.
A pauta da pesca artesanal e urbana também foi levantada, uma vez que o plano diretor de Recife não reconhece a prática e, consequentemente, afeta as comunidades palafitas que dependem diretamente da atividade pesqueira. Segundo Aline, o caso é semelhante ao do Rio de Janeiro, que, de acordo com o documento, não possui nenhum tipo de área agriculturável em suas regiões. “Assim, a gente reconhece esse ponto de conexão entre os dois estados. É muito mais que uma invisibilidade em um plano diretor, é parte de uma estrategia politica de não reconhecimento dessas comunidades tradicionais no meio urbano”, afirma.
A necessidade de existência, permanência e visibilidade da agricultura urbana como garantia da presença das comunidades tradicionais nos territórios foi apontada como principal fio condutor de futuras ações e medidas das mulheres que agora compõem a Coletiva. Isto foi citado durante a dinâmica de construção de um “mapa da ancestralidade”, que tinha o objetivo de resgatar histórias e práticas de mulheres ancestrais dos territórios representados no encontro. Além disso, foram distribuídas sementes que pudessem ser replantadas pelas participantes, além de placas de Marielle Franco, como um símbolo da luta pela agricultura urbana no Rio de Janeiro e da trajetória de resistência e força da vida da vereadora.
Notícia publicada originalmente no site do Pacs.