07/10/2005 13:43
A Rede Alerta contra o Deserto Verde vem, através desta, manifestar sua solidariedade com a ação inédita e corajosa dos(as) companheiros(as) indígenas Tupinikim e Guarani. As comunidades indígenas resolveram ontem ocupar a sede administrativa do complexo industrial da Aracruz Celulose, para cobrar uma resposta concreta e clara sobre como e quando sairá a demarcação e homologação de 11.009 hectares de suas terras, invadidas pela Aracruz Celulose desde a década de 60.
Viemos denunciar a forma inverídica com a qual a Aracruz Celulose, através de nota à imprensa, reagiu à ocupação, afirmando que os indígenas teriam derrubado portões, invadido as instalações e agredido a propriedade privada da empresa, além de ter coagido os funcionários. No entanto, foram crianças e idosos, homens e mulheres indígenas que fizeram um movimento pacífico e alegre, mas muito firme no seu objetivo: a demarcação imediata das suas terras.
É bom lembrar que no lugar das fábricas da Aracruz, encontrava-se até 40 anos atrás a Aldeia Tupinikim de Macacos, aldeia habitada por famílias indígenas, com seus plantios e cercada da sua riqueza: os rios e a mata atlântica. É bom lembrar que tudo isso foi destruído com a chegada da Aracruz Celulose.
As comunidades indígenas não reivindicam a aldeia Macacos de volta, nem todas as suas terras, estimadas em cerca de 40 mil hectares, que costumavam ocupar antes da chegada da empresa. No entanto, não abrem mão dos 18.070 hectares, que foram identificadas como terras indígenas pela Funai, e consideradas indispensáveis para a sobrevivência física e cultural desses povos. Essas terras precisam ser demarcadas integralmente, e com a máxima de urgência.
Cabe ao governo federal resgatar a dívida histórica com os povos Tupinikim e Guarani, e com todos os povos indígenas no Brasil, dizimados ao longo de quase 500 anos, e hoje ainda obrigados a lutar para garantir a demarcação de um pequeno pedaço das terras que costumavam ocupar. Esperamos que a vinda do Presidente da FUNAI, anunciada para hoje, possa pôr um fim ao presente conflito dos Tupinikim e Guarani com a empresa e, de uma vez por todas, dar condições a estes povos construir sua autonomia e liberdade em terras integralmente demarcadas.
Vitória, 7 de outubro de 2005
REDE ALERTA CONTRA O DESERTO VERDE/ES