Júlia Tetê e Suzana Devulsky
22/10/2024 18:15
Nos dias 16 e 17 de outubro, a FASE Bahia realizou, na cidade de Mutuípe, o “Seminário sobre Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental do Campo”. O evento aconteceu na casa da cultura do município e contou com a participação de agricultoras e agricultores que fazem parte do Projeto ATER Biomas, do Coordenador Geral do Programa Bahia sem Fome, Tiago Pereira, da representante da DATER, Marise Caribé, entre outras representações do SINTRAF, FETRAF, SETAF e Banco do Nordeste, do território Vale do Jiquiriçá. Esse programa é financiado pelo Governo do Estado através da BAHIATER.
O objetivo do seminário foi demonstrar as possibilidades de acesso e direitos dos agricultores e agricultoras, para o desenvolvimento e gestão de suas propriedades, comunidades e consequentemente das associações. Ao longo do encontro, Tiago Pereira apresentou as principais iniciativas do Governo do Estado que visam superar as situações de insegurança alimentar e nutricional da população em vulnerabilidade social. Também foram apresentados a gestão e o acesso ao Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), pensando no modo de trabalho integrado.
O Coordenador de Mercados Institucionais, Fábio Braga, participou falando do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Executado em 5.570 municípios, o programa é um direito dos alunos da educação básica pública e dever do Estado, garantido na Lei n.º 11.947/2009 Art. 3º. Em sua apresentação, Fábio Braga destacou a importância do Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF), um dos principais documentos de acesso às políticas públicas.
Outro momento importante foi o painel sobre habitação rural, apresentado por Paulino Pereira (PNHR/COOPERHABITAR), quando os participantes puderam minimizar as dificuldades referentes à falta de informações para acesso ao Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR).
Suely dos Santos Brito, da comunidade Rio de Areia, esteve presente e falou da importância de participar de eventos como esse para adquirir mais conhecimento sobre direitos e acesso à políticas públicas.
“Se a gente fosse pensar nos nossos fazeres de casa nós não estaríamos aqui, e não teríamos todo esse conhecimento, hoje nós estamos voltando para casa, e na nossa bagagem temos essa quantidade de conhecimento, a gente veio de uma forma e estamos voltando completamente diferente, já voltamos com outra perspectiva. Esse é o papel das associações, do sindicato, estar inserido nesses processos para juntos levar melhoria para nossos agricultores, por que se o campo não planta a cidade não vai jantar”, disse.
Por fim, Suely reforçou o poder da coletividade e dos movimentos de luta social.
“Quero dizer a cada associação que a gente nunca solte a mão de ninguém. Se a gente soltar a mão um do outro, a gente não consegue chegar e nem está em lugar nenhum. Não pensar no individualismo, pensar sempre no coletivo, pois é esse coletivo que a gente vem fazendo até hoje que nos assegura buscar nossos direitos. Se a gente não se fortalecer como entidade, como agricultores, não se unir, não chegaremos a lugar nenhum. Os nossos direitos serão violados e nós não seremos contemplados”.
O desenvolvimento social, econômico e ambiental do campo está sobretudo relacionado com a capacidade de evoluir de forma adequada, de se comunicar, analisar os desafios, partilhar e solucionar. Isso tudo deve estar relacionado não só com as pessoas, mas com a natureza também.
*Comunicadoras da FASE Bahia e da FASE Nacional, respectivamente.