Grazielle Azevedo
27/02/2025 14:32
Entre os dias 20 e 23 de fevereiro, educadores da FASE Amazônia realizaram visitas a sete organizações nos municípios de Barcarena, Igarapé-Miri e Abaetetuba, na microrregião do Baixo Tocantins, no Pará. A iniciativa faz parte do processo de retomada do Centro de Educação e Cooperação Socioambiental – CECSA Tipiti e teve como objetivo fortalecer os laços com comunidades tradicionais e coletivos locais.
Durante as visitas, foram promovidos Círculos de Diálogo para conhecer mais de perto a realidade das organizações e territórios, compreender seus desafios e articular estratégias para que o CECSA TIPITI possa contribuir no fortalecimento das lutas locais. Entre os grupos visitados, destacam-se coletivos de mulheres, juventudes, pescadores (as), agricultores (as), quilombolas, ribeirinhos (as) e extrativistas, que compartilharam suas experiências e desafios enfrentados em um contexto de constantes ameaças aos seus modos de vida.
O Centro Tipiti foi concebido no final da década de 80 a partir da mobilização de trabalhadores e trabalhadoras rurais, com o apoio de organizações não governamentais e da cooperação internacional. Sua criação respondeu à ausência de assistência técnica adequada à realidade da agricultura familiar na região, um fator que comprometia tanto a sustentabilidade produtiva, quanto a preservação dos recursos naturais. Agora, no processo de retomada, o Centro se reconfigura como um espaço ampliado de educação e cooperação socioambiental, contando com o apoio do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA).
- Comunidade Quilombola de Bacuri
- Coletivo de Mulheres do Rio Maiauatá
Para Grazielle Azevedo, educadora popular da FASE Amazônia, a escuta ativa das organizações e comunidades impactadas por violências estruturais – desde a negação de direitos e a ausência de políticas públicas até os impactos diretos das mudanças climáticas e das pressões das grandes empresas – é fundamental para orientar a atuação do CECSA TIPITI. “Os corpos-territórios dessas populações são atravessados de forma brutal por diversos fatores e é imprescindível que o Centro atue como um espaço de resistência e fortalecimento das lutas por direitos, justiça socioambiental, climática e valorização dos saberes tradicionais”, afirma Grazielle.
Durante a agenda, o Fundo Brasileiro de Educação Ambiental (FunBEA) também esteve presente, acompanhando de perto e construindo diálogos de cooperação para o fortalecimento do TIPITI.
Com esse processo de diálogos e escutas, a FASE e as organizações locais constroem caminhos para que o CECSA TIPITI se consolide como um espaço de formação, articulação e fortalecimento das resistências comunitárias na Amazônia paraense.
*Educadora da FASE Amazônia