30/09/2016 15:07
Andrés Pasquis¹
Com objetivo alertar a população brasileira sobre a importância do Cerrado, a Campanha “Cerrado, Berço das Águas: Sem Cerrado, Sem Água, Sem Vida” foi lançada em Brasília (27). Esse é o segundo maior bioma brasileiro, com cerca de 2.036.448 km² espalhado em ¼ do país nos estados da Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rondônia, São Paulo, Tocantins, parte de Roraima, Amapá, Amazonas e Pará. Além de abrigar cerca de 15 mil espécies de plantas e 300 mil espécies de animais, esse é o lar de várias comunidades e povos tradicionais, conhecedores e guardiões de um importante patrimônio cultural e ecológico também conhecido como a ‘caixa d´água do Brasil’ ou berço das águas da América do Sul, já que nele nascem as principais bacias hidrográficas do sul do continente – a Amazônica, a de São Francisco e a da Prata.
Grandes ameaças pairam sobre o Cerrado. Cerca de 52% do bioma já foi destruído, consequência de um sistema insustentável e predatório que promove o agronegócio com suas monoculturas e agrotóxicos, grandes obras de infraestrutura, tais como hidrelétricas e vários tipos de mineração. Como se isso não bastasse, um projeto de destruição ambiental intitulado Matopiba começa a ser implantado como Plano de Desenvolvimento Agropecuário (PDA), com foco na expansão da fronteira agropecuária nos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. O PDA já causa grandes impactos socioambientais, afetando principalmente as comunidades camponesas e os povos tradicionais e originários da região, como denuncia o documentário MATOPiBA, da Goose Audiovisual, em parceria com a Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Nesse contexto, a Campanha denuncia essas ameaças, dando voz e visibilidade ao bioma e aos povos e comunidades que nele habitam, conscientizando e pautando a sociedade em nível nacional e internacional. Como explicou Isolete Wichinieski, da CPT, “defender o Cerrado é preservar as águas, é preservar a vida e todos e todas são responsáveis por isso”. Para Gilberto Vieira, membro do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a campanha tem várias dimensões. “Dar visibilidade à presença da diversidade humana, cultural e natural do Cerrado. Alertar para a importância do bioma para o conjunto da vida em outras regiões. E ainda mostrar como tudo isso está em risco”, declara.
Entre as organizações que apoiam a Campanha, a CPT e a FASE, membros do Grupo de Intercâmbio em Agroecologia (Gias), uma rede de cerca de 40 organizações com objetivo de chamar atenção da sociedade mato-grossense sobre as ameaças representadas pelo agronegócio.
[1] Edição de matéria do comunicador do Grupo de Intercâmbio em Agroecologia (Gias), do qual a FASE é parte no Mato Grosso.