20/08/2016 16:09

Élida Galvão¹

Localizada no município de Rurópolis, no Oeste do Pará, a comunidade Novo Horizonte conta com um histórico de formação semelhante às tantas outras da região. Reunindo pessoas vindas de diversas regiões do Brasil em busca de trabalho, a comunidade passou a ser ocupada na metade dos anos 1980, quando uma ação conjunta entre 15 famílias de agricultores familiares garantiu a conquista de um lote para uso comunitário junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Daí em diante os ganhos foram se somando e aos poucos a comunidade continuou se firmando.

Margem do Rio Braço Leste, na comunidade Novo Horizonte

Margem do Rio Braço Leste. (Foto: Egídio Sampaio/ Fundo Dema)

Primeiro, veio a construção da escola, em seguida a eleição para constituição de uma diretoria, a demarcação de chácaras e lotes familiares e acolhida a outras famílias que para ali migravam, a construção de duas igrejas – sendo uma católica e outra evangélica -, além de um espaço de lazer comum a todos, com campo de futebol, balneário e barracão para festas. Com isso, aos poucos a comunidade foi crescendo, transformando-se em uma pequena agrovila rural.

Em 2006, a comunidade criou a Associação Comunitária Novo Horizonte, que hoje representa 42 famílias de agricultores da localidade. Inicialmente, a consolidação da associação possibilitou o acesso ao crédito por parte das famílias, incentivando a ampliação dos plantios e da produção, além da criação de algumas cabeças de gado, contribuindo para o aleitamento das crianças e para a melhoria da alimentação familiar.

Em suas áreas de 50 hectares demarcadas pelo Incra, as famílias têm como principais fontes de renda e de sustento o cultivo de lavouras anuais, a pecuária, a piscicultura e a produção de farinha. A diversificação de suas produções contrasta com as atividades econômicas de fazendeiros e empresários que compram grandes áreas de terras para desenvolver pecuária extensiva, além do monocultivo de soja, arroz e milho em sistemas mecanizados, ocasionando grandes impactos ambientais.

Preservando a natureza

Possuindo uma linda cachoeira em seu território, formada pela queda d’água do Rio Braço Leste, a comunidade resolveu somar forças para continuar possibilitando o usufruto deste bem natural, tanto pelas centenas de banhistas que ali visitam quanto por todas as famílias que se alimentam dos peixes existentes.

Moradores de Novo Horizonte reformam o barracão da comunidade

Moradores reformam o barracão. (Foto: Egídio Sampaio/Fundo Dema)

Preocupados com o avanço do desmoronamento das laterais do rio devido à construção ilegal de casas às margens do Rio Braço Leste, os moradores de Novo Horizonte resolveram se unir para prevenir o assoreamento e a poluição do recurso hídrico que tanto beneficia a comunidade.

Em 2014, com o objetivo de promover a recuperação das margens do rio e melhorias na estrutura socioambiental da comunidade, Associação Comunitária Novo Horizonte conquistou o apoio do Fundo Dema, beneficiando 20 famílias e cerca de 100 pessoas da localidade.

Para que o objetivo seja alcançado, a proposta prevê a capacitação destas famílias em Sistemas Agroflorestais (SAFs), o reflorestamento das margens do rio com 5 mil mudas de essências florestais e plantas frutíferas, a implantação de banheiros químicos e lixeiras de coleta seletiva às proximidades do leito de água, além de placas informativas com orientações sobre as condições ao uso comum do rio.

Comunidade em ação

Comunidade inaugura barracão com apoio do Fundo Dema. (Egídio Sampaio/ Fundo Dema)

Reinauguração do barracão com apoio do Fundo Dema. (Egídio Sampaio/ Fundo Dema)

Seis meses após o início do trabalho, durante o mês de abril, as famílias que integram a iniciativa começaram a reforma do barracão da comunidade, que fora reinaugurado no último 14 de julho. A ação, entre outras previstas, contribui para o fortalecimento organizacional da associação comunitária. O espaço ainda serve como espaço de socialização entre as famílias.

“É importante porque para nós  o barracão é o espaço onde a gente faz nossa reunião e nossos encontros. Além da reforma do barracão, conseguimos comprar 30 cadeiras, um notebook, uma impressora, uma máquina fotográfica, uma mesa e um arquivo de escritório. Com isso, a nossa primeira etapa do projeto já está concluída”, comemora Paulo Stoff, de 53 anos, morador da comunidade.

[1] Jornalista do Fundo Dema, do qual a FASE é parte..