31/10/2019 10:26

Léo Machado e Rud Rafael¹

Em outubro, a sede de Habitat para Humanidade Brasil recebeu o encontro entre comunidades e a Articulação Recife de Luta, para a discussão de estratégias de incidência que pressione Prefeitura do Recife a solucionar a falta de moradia de famílias que sobrevivem do ‘auxílio moradia’ ou estão sendo despejadas de seus territórios. Nesse momento, foram identificadas 14 comunidades com a presença concreta das organizações que compõe a Articulação: Aliança com Cristo, Bode, Caranguejo Tabaiares, Coque, Carolina de Jesus, Casarão da Tamarineira, Ilha de Deus, Ilha do Destino, Passarinho, Pilar, Pocotó, Santo Amaro, Vila do Motorista e Vila Santa Luzia.

Cristiano Silva, morador da comunidade de Santo Amaro, acredita que momentos como esses fortalecem a luta pelo direito à cidade e sua diversidade. “Sou morador de Santo Amaro e busco me informar sobre questões que possam impactar a vida de minha comunidade, do terreiro que frequento e da população LGBTQI+ na nossa cidade. É muito importante pensar em estratégias para enfrentar as grandes empresas do setor imobiliário, como é o caso da Vila Naval, por exemplo”.

Já Valquíria Silva, moradora da Vila Santa Luzia e que está recebendo o auxílio moradia a mais de 5 anos, diz que a prefeitura prometeu a construção da segunda etapa do Conjunto Abençoado por Deus e até agora nada. “Quando fomos inclusas no auxílio moradia foi com a promessa que seriam construídas novas unidades do habitacional que contemplariam mais de 100 famílias. Já nos mobilizamos para verificar junto a prefeitura em que ponto está o projeto, mas sempre temos como resposta ‘que não tem nenhuma habitação pensada para nossas famílias’! Poder trocar e conhecer a experiência de outras comunidades nos fortalece para não desistirmos de nossa luta”.   

Para avançar nos diálogos sobre o ativismo democrático e lutas territoriais urbanas em Recife, vem sendo construindo um espaço de articulação e de intercâmbio de experiências, com objetivo de potencializar a luta pelo direito à cidade e dar visibilidade pública aos conflitos e intempéries da população para o acesso a moradia digna, compondo uma agenda política comum contribuindo com a organização dessas comunidades e a Articulação Recife de Luta.

O encontro foi realizado pelo programa da FASE em Pernambuco, o grupo Caranguejo Tabaiares Resiste, a Cooperativa Arquitetura Urbanismo e Sociedade (CAUS), o Centro Popular de Direitos Humanos (CPDH), Habitat para Humanidade Brasil e o Movimento dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Sem Teto (MTST / Brasil), com o apoio da Fundação Rosa Luxemburgo.

[1] Educadores do programa da FASE em Pernambuco.