06/07/2021 20:19
Alcindo Batista ¹
Aos 26 anos, Arisson Machado vem fazendo a diferença ao sensibilizar agricultores familiares sobre importância da adoção de práticas agroecológicas. O Agente Comunitário Rural (ACR) assessorado pelo programa da FASE na Bahia presta assistência técnica a 20 famílias apoiadas pelo projeto Bahia Produtiva, na comunidade Novo Horizonte, em Presidente Tancredo Neves, município onde também mora.
Filho e neto de agricultores familiares, Arisson é técnico em agropecuária e entende bem das dificuldades que cada agricultor passa, incluindo “a tristeza em ver a cada ano o déficit de produção, sem saber o que fazer e gastando dinheiro de maneira inadequada, sem saber a real necessidade das plantas”, avalia ele, que vem fazendo análise de solo dos agricultores.
Para Rosélia Mello, coordenadora da FASE no estado, a sua principal qualidade é justamente a linguagem muito próxima da realidade dos agricultores e agricultoras familiares, “o que ajuda no reconhecimento das necessidades da comunidade para, a partir daí, agir de acordo com as suas demandas”. A coordenadora conta que o trabalho do ACR ajuda a desenvolver técnicas de preservação do solo e da água, seguindo uma agricultura limpa.
Para o jovem, a coisa mais gratificante no seu trabalho é ver os agricultores familiares multiplicado os conhecimentos. “Eu tenho certeza que estou fazendo a coisa certa quando fico sabendo que eles estão produzindo em casa, sozinhos, os biofertilizantes e a compostagem ensinada. Fazer com que eles comecem a usar produtos orgânicos, não é uma coisa fácil”.
Tem agricultor na academia, sim!
Durante o tempo em que se dedica à assistência técnica rural, principalmente no que diz respeito à produção de compostos orgânicos para produção de adubo, Arisson também trabalha em pesquisa sobre nutrição de aves. O estudo, que surgiu a partir de uma pesquisa no Paraguai, teve resultados positivos e o técnico vem compartilhando esse conhecimento com os agricultores familiares sobre o método usado para que as aves ganhem peso mais rápido.
“O agricultor familiar dá apenas milho para as aves, milho que é rico em carboidratos. Com isso, uma ave caipira só vai para o abate entre 90 e 120 dias. Nesse estudo, usei lava de moscas como fonte de proteína bruta, sem causar nenhum dano à saúde humana. Com essa técnica, as aves ficam pronta para o abate em 45 a 60 dias”, explica. Arisson tem ainda outro estudo em andamento sobre parâmetros sanguíneos de suínos.
Sobre o Projeto Bahia Produtiva
O Projeto Bahia Produtiva recebe o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) e do Banco Mundial. Em Presidente Tancredo Neves, os agricultores familiares participam do investimento coletivo para qualificar a produção de cacau em sistemas agroflorestais. Eles também contam com o apoio da FASE para organização a fim de tentar concorrer ao Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE) municipal.
Devido à pandemia, as atividades de assessoria técnica passaram a ser remanejadas e/ou adaptadas, de acordo com o termo de ajuste metodológico para execução das atividades de consultoria em assistência técnica e extensão rural, seguindo os protocolos e as orientações dos órgãos de saúde do estado e município.
[1] Estagiário, sob supervisão de Cláudio Nogueira