04/07/2016 12:53
Rosilene Miliotti¹
Com objetivo de ampliar a atuação das organizações e coletivos de juventude no Pará, no Rio de Janeiro e em Pernambuco, o Fundo da FASE para Juventudes irá apoiar ações que ajudam a promover a democracia e a promoção de direitos. “Esperamos que esse edital potencialize as diversas ações que já acontecem, protagonizado pelos coletivos de jovens na defesa do direito à cidade. Mas não queremos que sejam atividades isoladas, queremos que eles se articulem e façam coisas juntas. Por exemplo, que os coletivos de audiovisual e Hip Hop possam articular com os jovens do Abacatal [um quilombo] e construir juntos”, afirma João Gomes, educador do programa da FASE na Amazônia.
A Ajuda da Igreja da Noruega (AIN) financiou as atividades ligadas ao tema “Juventude, direito à cidade e justiça ambiental” durante cinco anos na região. Agora, para apoiar essa parceria, eles estão fortalecendo que já existem e desenvolvem ações por mudanças sociais. João lembra que foi desse programa que se desdobrou o acompanhamento a comunidade quilombola do Abacatal, que sofre com problemas de justiça ambiental como o lançamento de esgotos das casas construídas pelo Programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, no igarapé que abastece os moradores. Além disso, há ainda os impactos do lixão da região metropolitana, local onde se localiza a comunidade, instalado na cabeceira do igarapé.
Patrícia Maria da Silva Cordeiro, integrante do Jovens Comunicadores da Amazônia, uma iniciativa do Instituto Universidade Popular, esteve no lançamento do edital e ressaltou que a iniciativa é muito importante para o projeto que atua. “O objetivo do projeto é dar visibilidade a ações de grupos que atuam na área de direitos humanos, usar a comunicação para combater e alertar sobre o extermínio da juventude negra. Temos que falar sobre isso porque as eleições estão aí e corremos o risco de ter um prefeito matador. Ele é o candidato de boa parte da população, inclusive de moradores de áreas periféricas, as maiores vítimas da repressão do estado”, lamenta.
Fortalecer ações contra a violência
Outro desdobramento dessa parceria foi o acompanhamento da violência contra a juventude da região metropolitana de Belém a partir da Chacina em 2014, em que dez jovens foram assassinados por milicianos no bairro periférico Terra Firme. Um grupo de organizações monitora até hoje o julgamento dos assassinos. Além disso, foi criada a articulação DHAVIDA (Direitos Humanos, Combate à Violência e Direito à Vida). Para Harrison Lopes, do coletivo Tela Firme, explica que a temática da violência é frequente nos trabalhos do grupo. “Além da comunicação, temos uma incidência de acompanhamento das famílias vítimas de violência e na valorização do bairro. O Terra Firme é um bairro de resistência histórico”, explica ele, que achou o edital simples, objetivo e acessível. “Nunca recebemos recurso e mesmo sem dinheiro temos bons resultados. O que começou pequeno, com atuação em um bairro, hoje já se espalhou por outras comunidades de Belém”, conta.
“Acreditamos no fortalecimento da capacidade desses coletivos em se organizar e compreendê-los como sujeitos políticos”, conclui João. As propostas apresentadas no edital² deverão englobar o impacto na vida da juventude sobre um ou mais dos temas como a “cidade e a violência”, “cidade e justiça” e “cidade e mobilidade urbana”. Devem ser encaminhadas ao SAAP – Serviço de Análise e Assessoria a Projetos, na sede nacional da FASE, no Rio de Janeiro, até o dia 20 de julho. Poderão concorrer coletivos de jovens – formais ou informais – que se dediquem à promoção e defesa dos direitos nas cidades.
Acesse o roteiro do edital.
[1] Jornalista da FASE.
[2] Saiba mais detalhes sobre o edital aqui. Acesse também o roteiro para entrega do projeto.