Helio Uchôa
19/10/2023 15:38
Tapete vermelho e cheiro de pipoca em noite de estreia para a FASE! Na última segunda-feira (16) foi lançado nas redes sociais o documentário “Margaridas em Marcha”, mostrando a participação da organização e os bastidores da 7ª Marcha das Margaridas, realizada no mês de agosto, em Brasília. A atividade contou com a presença de 150 mil mulheres do campo, das cidades, das águas e das florestas, que reivindicaram a volta de políticas públicas com olhar voltado para as mulheres.
A estreia do documentário, já disponível no canal da FASE no Youtube (clique aqui), marcou os dois meses da realização da Marcha, com a presença de algumas lideranças para dialogar sobre os efeitos da mobilização e as novas perspectivas. Foram convidadas a coordenadora da Marcha das Margaridas, Mazé Morais; Maria Emília Pacheco, assessora do Núcleo de Políticas e Alternativas (NUPA) da FASE (NUPA) e integrante da ANA, a Articulação Nacional de Agroecologia; Sara Pereira, coordenadora da FASE Amazônia e Rosimere Nery, educadora da FASE Pernambuco. O debate foi mediado pela comunicadora da FASE Paula Schitine.
Na live, além de elogiar a produção do documentário e contar como o movimento conseguiu engajar tantas mulheres, Mazé Morais falou da importância deste filme como registro histórico de um dos maiores encontros de líderes femininas do mundo.
“Eu me sinto realizada em participar deste documentário histórico e parabenizo a FASE por essa bela produção e o apoio de sempre”, elogiou. “O longa me deixou muito emocionada, pois nos conduziu a um passeio pela nossa História, pela memória de nossos desejos e a esperança que vai se iluminando à medida que vamos mergulhando nas imagens que dão vida a Margarida Alves. (O filme) também resgata a memória da luta, da força e da coragem dela, além de nos estimular a continuar marchando pelos nossos ideais”, reflete a coordenadora da Marcha.
Para Mere, educadora da FASE Pernambuco, que durante muitos anos conviveu de perto com Margarida Alves, falar sobre os feitos e a luta da mulher que dá nome ao movimento traz um sentimento de orgulho e emoção à caminhada que reúne milhões de mulheres na busca por equidade social, igualdade de direitos e em defesa do bem-viver. “Conheci Margarida quando eu era uma jovem de 23 anos e a partir da nossa proximidade e ação pude perceber o quanto ela era uma mulher forte e muito corajosa. Ela falava que entre morrer de fome e morrer na luta, preferia morrer na luta e isso sempre me trouxe um incentivo para seguir ao lado dela. A Margarida não morreu, pois foi construindo com as lideranças femininas uma fortaleza sem igual”, descreveu.
Ao falar sobre as políticas de amparo às mulheres e a força das trabalhadoras do campo no combate à fome, Maria Emília Pacheco, que é ex-presidenta do CONSEA (Conselho Nacional de Segurança Alimentar) reforça o quanto a segurança hídrica e a proteção da terra se tornam importantes para desenvolver mecanismos de estímulo à produção de alimentos encabeçada por mulheres e o combate ao uso mercantilista da terra e uso indiscriminado de agrotóxicos: “A água é um alimento e um direito humano. Nós sabemos que, pelas pesquisas recentes no Brasil, onde há insegurança hídrica, sede e falta de água para produção, são os lugares em que a fome prevalece. Reflitamos sobre um levantamento da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que diz que a agricultura é responsável por 72% da captação de água doce no mundo. Muito mais que o consumo doméstico e industrial. A FAO também diz que desde os anos 2000 as catástrofes e inundações aumentaram em 184%, e a seca, em 29%. Mais de 29 mil famílias no Brasil ainda vivem no contexto de conflitos de água, principalmente, povos indígenas e ribeirinhos. Neste contexto, são as mulheres que cuidam da proteção de nosso patrimônio genético”, defende.
As mulheres amazônidas sofrem diariamente com as mudanças climáticas provocadas pela queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e a poluição das águas, impactando diretamente a qualidade de vida de suas famílias. Em vista disso, Sara Pereira observa o quanto o território sofre. “Estamos em um momento muito difícil, pois estamos enfrentando uma das piores estiagens da história aqui na Amazônia e isso afeta em especial as mulheres. Elas lidam diretamente com a vida na casa, com os animais, trabalham na pesca. Essas mulheres que lutam para sobreviver estão sendo afetadas pela crise climática provocada pela poluição e o desmatamento de nossa região”, pontuou Sara.
A live com o debate completo já está disponível integralmente em nosso perfil no YouTube (clique aqui), assim como o documentário “Margaridas em Marcha” (clique aqui). Assista!
*Estagiário da Comunicação, sob supervisão de Paula Schitine