Rebecka Santos
02/04/2024 17:17
Nessa segunda-feira (1º), a FASE Pernambuco marcou presença na Audiência Pública de Avaliação do Plano de Contingência (Placon) de 2023 convocada pela Secretaria Executiva de Defesa Civil da cidade do Recife. No encontro foi apresentado um balanço das ações realizadas em 2023 e aberto o espaço para contribuições da sociedade civil e de outros entes governamentais.
André Araripe, educador da unidade, além de parabenizar pela iniciativa de participação popular para aprimoramento do Plano, também chamou a atenção para alguns pontos comentados pela pasta. Um deles diz respeito às quantidades de abrigos disponíveis. Segundo a Defesa Civil, em 2023 foram mapeados 41 abrigos e 4.248 vagas. “Precisamos aumentar esse número para 2024, foram 4.705 pessoas entre desabrigadas e desalojadas em 2022. Ou seja, se tivermos um evento climático semelhante ao de 2022 este ano, teremos pessoas que não vão ter onde se abrigar”, alerta o arquiteto e urbanista.
A Gerente Geral de Atenção Social, Gisele Vieira, mostrou a lista de pontos elencados como abrigo caso algum desastre climático aconteça. A maioria são escolas, o que é encarado pelos movimentos de defesa do direito à educação como mais uma violação do direito de crianças e adolescentes. De acordo com os resultados de um estudo realizado pelo departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), os eventos climatológicos comprometem a taxa de aprovação, aumentam a evasão escolar e impactam negativamente o aprendizado.
Como sugestão, André citou os equipamentos já implantados pela Prefeitura. “Gostaria de colocar como sugestão e entender a razão dos Compaz não serem áreas de abrigamento. Estruturas com grandes condições e que, hoje, estão mais espalhadas pela cidade. O uso das escolas como abrigos também impactam a vida das mães, quando essas têm que ficar com as crianças e adolescentes que não vão à escola”, provocou Araripe.
Por fim, sobre os Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (Nupdecs) – previsto pela Política Nacional de Proteção e Defesa Civil para preparar, prevenir e aumentar a resiliência da população local -, o educador fez uma comparação de números de formações ofertadas pela cidade de Maceió e do Recife. Os dados apresentados pela Secretaria Executiva de Defesa Civil indicaram o treinamento de apenas 90 Núcleos. “Maceió tem 60% da população do Recife e lá, este ano, treinaram 160 pessoas de 160 Núcleos. Eu sei que está crescendo, mas agora, em 2024 e 2025, precisamos continuar ampliando”. André finaliza destacando o teor construtivo e colaborativo da crítica para que a gestão avance na qualificação do plano.
Aproveitou, também, para solicitar uma atenção especial para a Bacia do Rio Tejipió, uma das principais áreas afetadas com o alagamento em períodos de chuva e que a assistência ainda está fragilizada. O Secretário-executivo da Defesa Civil, Coronel Cassio Sinomar, acolheu com entusiasmo as contribuições da FASE Pernambuco e garantiu a análise delas para aplicação no Plano de Contingência de 2024, um reconhecimento do compromisso da organização com a construção de políticas públicas mais eficazes e que atendam às reais necessidades da comunidade.
*Comunicadora FASE Pernambuco