30/11/2016 17:21

 

Mãe do menino Eduardo (10 anos) morto por policiais no Complexo do Alemão pede punição aos culpados. (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil)

Mãe do menino Eduardo (10 anos) morto por policiais no Complexo do Alemão. (Foto: Tânia Rêgo/ ABr)

O Estado brasileiro deu mais uma mostra de que a justiça só chega para os moradores de favelas e áreas periféricas através da punição. Na audiência realizada no último dia 28, Terezinha Maria de Jesus, mãe do menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, esperava que o assassinato de seu filho, cometida por Policiais Militares (PM) do Rio de Janeiro em abril de 2015, na porta de sua casa, no Complexo do Alemão, tivesse como resultado o indiciamento do policial responsável.

Contudo, o que Terezinha e muitas outras mães que também tiveram seus filhos assassinados por policiais assistiram o posicionamento de um poder judiciário que criminaliza pessoas vitimadas pelo próprio Estado. O argumento tão recorrente de legítima defesa passou por cima de todas as evidências de um crime bárbaro: uma criança assassinada na porta de casa. O policial Rafael de Freitas Monteiro Rodrigues, indiciado como culpado foi inocentado por dois dos três desembargadores presentes na audiência, sob argumento de que faltam provas para dar continuidade ao processo.

A impunidade do poder judiciário justifica o que a Secretaria de Segurança trata como “falhas da PM”. Eduardo  brincava com o celular na porta de casa, aparelho que foi confundido com uma arma. No caso do menino Eduardo, Rivaldo Barbosa, então delegado responsável pelo caso, defendeu publicamente os policiais dizendo que “eles respondem não como se tivessem atingido a criança, mas sim como se tivessem atingido quem eles queriam atingir”. Falas como essa mostram que a morte dos moradores de favelas é sempre vista como “mais um bandido eliminado”, seja pelos meios de comunicação ou pelos representantes do Estado.

Parentes de jovens mortos pela violência policial protestam em frente ao Tribunal de Justiça e relembram um ano da morte dos cinco jovens de Costa Barros. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Parentes de jovens mortos pela violência policial protestam e relembram um ano da morte dos cinco jovens de Costa Barros. (Foto: Tânia Rêgo/ABr)

Nós moradoras e moradores das favelas de Manguinhos, que vivenciamos cotidianamente as barbaridades cometidas pela PM, legitimadas por esse poder judiciário que nos culpabiliza todos os dias em nome de uma suposta “guerra às drogas”, REPUDIAMOS e DENUNCIAMOS a conivência que existe entre o poder militar e o poder judiciário para manter negros e negras, pobres e faveladas e favelados no lugar de alvos preferenciais, elementos suspeitos, a carne mais barata.

Exigimos Justiça para Eduardo, Terezinha e todas e todos moradores de favelas que continuamente sofrem com as ações de guerra da PM do Rio de Janeiro!

[1]  A FASE apoia o Fórum Social de Manguinhos.