26/11/2018 12:54
A Câmara dos Deputados promoveu no dia 6 de novembro um seminário para debater a necessidade de implementação da Política Nacional de Redução do Uso de Agrotóxicos (Pnara). Objeto de uma Comissão Especial na Casa, foi feita a leitura do relatório do Projeto de Lei 6.670/2016, cujo teor fomenta a produção agrícola baseada nos sistemas agroflorestais agroecológicos.
Para Carla Bueno, da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e Pela Vida, o seminário “fecha o ciclo de construção da Pnara, um amplo processo de debate iniciado junto à sociedade civil em 2012”. Carla defende uma transição agroecológica no campo. “Isso diz respeito a nossa saúde, existem numerosos estudos que ligam o uso intensivo de agrotóxicos a diversas doenças, como a depressão e o câncer”, destaca.
Esta relação com a saúde pública também foi lembrada pelo deputado federal Pedro Uczai (PT/SC), sub-relator da Comissão Especial da Pnara e autor do requerimento para a realização do seminário. “Em Santa Catarina, o meu estado, a maior causa de mortes da população é o câncer e isso está intimamente ligado ao pesado uso de agrotóxicos nas lavouras catarinenses”, disse o parlamentar.
Entidades da sociedade civil que trabalham a temática estão preocupadas com o avanço do uso de agrotóxicos. Franciléia Paula, educadora do programa da FASE em Mato Grosso, organização que integra a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), é taxativa: “as ameaças a nossa saúde tendem a crescer devido ao Pacote do Veneno em tramitação na Câmara dos Deputados”. Ela acredita que somente com políticas de incentivo à produção orgânica e agroecológica isso pode ser evitado. “A bancada ruralista é forte e o governo, o atual e o eleito, são favoráveis à entrada de novos agrotóxicos no país”, afirma.
A Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) também manifesta preocupação com o avanço do PL 6.299/2002, o “Pacote do Veneno”. “Os impactos negativos de uma eventual aprovação desta lei não se restringem à saúde humana, mas também prejudicam o meio ambiente”, lamenta Murilo Mendonça, da ABA. “Querem permitir o uso de agrotóxicos no Brasil que são banidos no resto do mundo”, denuncia.
Especialistas ouvidos pela reportagem defendem que o Brasil pode liderar um movimento mundial de transição agroecológica. Basta lembrar que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é o maior produtor de arroz orgânico do planeta. “É hora de fazermos uma transição agroecológica no campo. Nós temos todas as condições de liderar esse processo”, finalizou Carla Bueno, da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e Pela Vida.
[1] Publicado originalmente no site da Mídia Ninja.