14/04/2011 15:58
O curso Permacultura Urbana: habitação e sustentabilidade destinado aos moradores de conjuntos habitacionais de interesse social em Recife, Pernambuco, trabalha com novas perspectivas quando o assunto é moradia digna. Yuri Moraes é arquiteto-urbanista e educador da Fase PE e coordenador do curso produzido pela entidade. Ele explica que, a partir das técnicas da permacultura, os participantes percebem que moradia digna é mais do que ter quatro paredes, uma casa para morar.
“A permacultura é um método de trabalho que reúne conhecimentos tradicionais e novas tecnologias para produzir um modo de vida mais sustentável”, explica. Além de moradores de conjuntos habitacionais, participam estudantes universitários, membros de movimentos populares envolvidos historicamente na construção de conjuntos habitacionais e moradores de rua ligados à uma casa-república da capital pernambucana. Este é o segundo ano do curso que atende a cerca de 30 pessoas. Serão cinco módulos, totalizando 80 horas de aula.
Temas
O primeiro módulo do curso Permacultura Urbana: habitação e sustentabilidade foi realizado na última semana (7, 8 e 9/4). “Fizemos uma introdução sobre os princípios da permacultura e a ética deste método que envolve três pilares: cuidado com os seres vivos, cuidado com o planeta, redução do consumo e partilha de excedentes”, comenta Moraes.
Além disso, os alunos trabalharam com o tema das mudanças climáticas. Maureen Santos, assessora do Núcleo Justiça Ambiental e Direitos da Fase foi a convidada para esta aula. “Em geral os alunos já ouviram falar das mudanças climáticas, mas não sabem bem o que é e que impactos geram no cotidiano de cada um. No caso de Recife, as enchentes do ano passado são um exemplo de como essas mudanças mudam nossa realidade”, lembra Maureen.
No módulo os alunos conversaram sobre como mudar para um modelo de baixo consumo de carbono com qualidade de vida. O destino do lixo, o processamento da água, a maneira como consumimos são assuntos que fazem parte desta conversa. Também aprenderam como funciona a governança nacional e internacional no tema e falaram sobre a Rio +20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Apesar do nome imponente, entidades como a Fase alertam para a necessidade de resistência. Caso contrário a Conferência pode se transformar no espaço propício para o “ambientalismo de mercado”. (Conheça a declaração da Fase)
Até 14 de maio, dia da última aula, os alunos vão pensar sobre questões como saneamento e energia, construções sustentáveis, consumo e economia solidária. Por ser o segundo ano do curso, um dos módulos vai ser destinado ao desenvolvimento de ideias que surgiram no ano passado. Devem delinear projetos como o de construção de um galpão, creche com horta-escola e um pomar no Conjunto Habitacional D. Elder Câmara, no bairro de Iputinga. É lá que o curso é ministrado. Yuri Moraes justifica a escolha do local: “Este condomínio tem uma história interessante de protagonismo popular. As famílias que vivem hoje em 200 unidades realizaram a ocupação do terreno ocioso que era dos Correios, fizeram toda a negociação, criaram uma associação e acessaram os recursos do governo federal diretamente para realizar a obra, toda feita em mutirão.”
Também é muito importante o tema da educação popular no curso. A partir dele devem criar caminhos para que os alunos sejam multiplicadores do método em suas comunidades.