07/04/2020 15:47

Reunidos em 2010, representantes de diversos movimentos sociais, sindicatos e entidades de pesquisa do campo da saúde chegaram a uma conclusão: a luta contra os agrotóxicos deveria ser enfrentada por uma grande frente que envolvesse os mais variados setores da sociedade. Mais do que isso, a luta específica contra os agrotóxicos deveria se traduzir em uma ação mais ampla: contra os transgênicos, contra o agronegócio e, finalmente, contra o modelo capitalista de produção de alimentos.

Dentro desta luta, de longa duração, era preciso também haver propostas concretas: a agroecologia, como contraposição ao agronegócio; a vida, como contraposição ao modelo da morte. A data de lançamento também foi emblemática: o Dia Mundial da Saúde.

Assim, no dia 7 de abril de 2011, foi lançada a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida¹. Desde então, a batalha passou por diferentes intensidades. Num contexto de hegemonia política do agronegócio, foram muitos os retrocessos: flexibilização das normas, aprovação em massa de novos transgênicos, destruição da Anvisa, liberação recorde de agrotóxicos, entre outros.

Mesmo assim, o dia de hoje tem motivos para comemorarmos: há nove anos, quem falava sobre o tema, a não ser pesquisadores e os movimentos sociais? Hoje, a consciência da alimentação saudável e dos prejuízos causados pelos agrotóxicos rompeu as barreiras e alcançou um público amplo. Trabalhos como os filmes o Veneno Está na Mesa 1 e 2, o Dossiê Abrasco sobre Impactos dos Agrotóxicos, e a plataforma #ChegaDeAgrotóxicos certamente contribuíram para isso.

No momento em que o mundo se vira de ponta a cabeça e que somos obrigados a repensar nosso modo vida, vemos que as apostas na reforma agrária, na agricultura camponesa, na agroecologia, na biodiversidade, nas compras públicas de alimentos e nos circuitos curtos de comercialização foram certeiras.

É essa a estratégia que pode salvar a humanidade. Nessa e nas próximas pandemias.

Viva a luta pela vida! Viva o SUS!

[1] A FASE é parte da Campanha.