29/03/2016 12:24

Andrés Pasquis ¹

Foto: Andrés Pasquis / Gias

Foto: Andrés Pasquis / Gias

A castanha de cumbaru e seus derivados – pão, biscoitos, bombons e licor -, são trabalhados pela associação Amigas do Cerrado, um dos quatro grupos de mulheres que compõem a Associação Regional de Produtoras Extrativistas do Pantanal (Arpep). A partir da aprovação do edital do Instituto Sociedade População e Natureza (ISPN), as Amigas do Cerrado inauguraram um poço semi-artesiano, construído na comunidade São José do Projeto de Assentamento Facão, no município de Cáceres, em Mato Grosso.

Educadores do programa da FASE no Mato Grosso, funcionários da Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde de Cáceres e representante da Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema) participaram do evento. Judith Ferreira de Oliveira, tesoureira da Arpep e membro das Amigas do Cerrado, explicou que a construção do poço só foi possível graças ao apoio das instituições presentes. A FASE, por exemplo, da assessoria e assistência a Arpep.

Já, nos últimos anos, a Vigilância Sanitária de Cáceres tem acompanhando as Amigas do Cerrado contribuindo com os Laudos Técnicos necessários para a evolução da associação. No caso do edital do ISPN, a Vigilância certificou a necessidade de aquisição do poço semi-artesiano.  Josué Valdemir de Alcântara, coordenador da agência, contou que já conhecem o trabalho feito pelas Amigas do Cerrado e que é um orgulho testemunhar os progressos e conquistas da Arpep. “Não são poucas as dificuldades enfrentadas, temos uma legislação excludente, que privilegia as grandes indústrias e empresas, que não se adapta à realidade dos pequenos agricultores familiares”, expôs o coordenador. Para Josué, a melhoria seria a adoção de uma maior sensibilidade e flexibilidade das leis estaduais e municipais, favorecendo assim o agroextrativismo, a agroecologia e a agricultura familiar. “Mas não é só a produção que está em jogo. É o reconhecimento da mulher lutadora e a valorização social, cultural, educacional e ambiental dessas atividades”, disse o coordenador.

Foto: Andrés Pasquis / Gias

Foto: Andrés Pasquis / Gias

Judith explicou que agora as mulheres tem acesso à água limpa imediatamente, sem precisar comprá-la ou buscá-la em outro poço situado a mais de 200 metros do local. “Uma mulher não desiste, ela resiste e vai à luta”, afirmou Erica Kazue Sato Catelan, presidente da Arpep, durante o evento. Para ela, essa é mais uma conquista das mulheres da associação, assim como a criação da logomarca ‘Do Cerrado’ e o recebimento do prêmio ‘Mulheres Rurais que produzem o Brasil Sustentável’, entre outros. No entanto, ela explica que além da geração de renda, a verdadeira satisfação do trabalho reside no aspecto socioambiental das atividades que permitem a independência e autonomia da mulher além de um reconhecimento progressivo do trabalho e das capacidades dela nas comunidades e na sociedade. Nesse sentido, Franciléia Paula de Castro, técnica da FASE, lembrou que o fortalecimento da organização das mulheres, junto com a promoção da segurança alimentar e nutricional e a luta por justiça ambiental, sempre através da construção da agroecologia, são alguns dos pilares da instituição.

Mas ainda restam grandes desafios para superar e esses obstáculos não intimidam as mulheres, que já estão planejando diversificar as atividades delas, trabalhando com outras espécies nativas do Cerrado, como a bocaiuva, a cagaita, o jatobá e o cajá, entre outros. Nesse sentido, elas se preparam para um intercâmbio no Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA).

[1] Comunicador do Grupo de Intercâmbio em Agroecologia (Gias).