12/06/2015 19:44
“O imposto que pagamos é pra estrada, pra saneamento básico, então será que é pedir demais?”, questiona Santana Barbosa, quilombola e integrante do Grupo de Mulheres Artesãs. A pergunta reflete os problemas pelos quais passa a população da comunidade quilombola de Abacatal, em Ananindeua, região metropolitana da capital paraense Belém. A realidade desse território tradicional é tema do vídeo “Abacatal no caminho das Pedras: a luta pela Justiça Ambiental”, produzido por jovens participantes do Programa de Formação “Juventude Direito à Cidade e Justiça Ambiental”, do programa da FASE na Amazônia.
A produção retrata a luta que os moradores travam por justiça ambiental. Eles pressionam empresas e poder público por saneamento básico e pelo o fim do lançamento de esgoto sanitário de condomínios do Minha Casa, Minha Vida nas águas do entorno e na única via de acesso à comunidade. Os resíduos correm a céu aberto e escoam para os igarapés Aracanga e Uriboquinha, fontes de banho, pescarias e subsistência e de lazer dos mais de 300 moradores da comunidade.
Os prédios do programa de moradia do governo federal foram construídos em Área de Proteção Ambiental (APA), criada para proteger lagos que abastecem Belém. Os condomínios Torres do Aurá e Pe. Pietro Gerosa, onde já estão residindo mais de mil pessoas, embora tenham suas licenças ambientais aprovadas pela prefeitura de Ananindeua, não fazem o tratamento de esgoto.
A comunidade tradicional de Abacatal já tem mais de 400 anos de história, e há 16 anos conseguiu o título da terra. O lançamento do vídeo sobre o território aconteceu durante a semana do meio ambiente, no início de junho, em evento intitulado “Papo com Chibé”, roda de conversa que traz o nome de uma comida tradicional no norte do país. O evento, cuja programação incluiu depoimentos dos quilombolas, colocou em debate o racismo ambiental. O termo que tem a ver com casos de injustiças ambientais e sociais que sempre atingem em maior grau grupos historicamente vulnerabilizados, como os quilombolas, indígenas, camponeses ou mesmo populações negras em áreas mais empobrecidas das cidades.
Confira o vídeo: