24/11/2009 16:24
Cada vez mais, as cidades se preocupam com seu meio ambiente urbano. A qualidade do ar, da água fornecida à população, a permanência das florestas urbanas e a manutenção dos parques e jardins são quesitos já reconhecidos como fundamentais para que as aglomerações urbanizadas proporcionem uma vida de qualidade a seus habitantes. Nesta perspectiva, Recife contou com uma mobilização social no dia 24 de novembro (Dia do Rio) em defesa de um de seus maiores e mais prejudicados patrimônios naturais: o rio Capibaribe.
Numa das mais importantes pontes que cruzam este rio na capital pernambucana, integrantes do Fórum de Reforma Urbana de Pernambuco e da Fase fizeram uma manifestação para cobrar mais atenção do poder público sobre o Capibaribe. A ponte D. Pedro II, mais conhecida entre os recifenses como Ponte do Ferro, foi tomada de cartazes, fotografias e material de divulgação que pedia mais preservação do rio.
A situação do Capibaribe, ao que mostram as fotografias feitas pela Fase PE, não é nada boa. Muito lixo ainda é despejado em seu leito, inviabilizando a boa fluidez da água e levando todo o ambiente urbano a riscos de doenças e problemas estruturais. Fortes críticas foram feitas à ausência de saneamento ambiental em Recife, que é responsável por grande parte da poluição que vem estragando o tradicional rio que muitos dos grandes poetas pernambucanos enfocaram em seus versos. Basta lembrar de João Cabral de Melo Neto.
Rios em áreas urbanas são, em sua maioria, objeto de depredação neste Brasil do século 21. O caso mais emblemático é o da maior cidade do país, o paulistano Tietê, que não obstante tem suas águas limpas quanto mais perto da nascente, no interior do estado. Mas em todas as grandes cidades brasileiras há rios altamente prejudicados pelo despejo indiscriminado de lixo e esgoto, além das canalizações e desvios feitos ao longo de décadas por administrações públicas pouco cientes da questão socioambiental urbana.
Nada disso, contudo, elimina a necessidade urgente de cobrança por uma nova atitude das administrações municipais e estaduais em relação aos rios urbanos. Pois se, no meio rural, são as contaminações por agrotóxico e a superexploração das águas os problemas que afetam os corpos hídricos, nas cidades o não tratamento de esgoto e os muitos casos de assoreamento respondem por enchentes, falta d’água, doenças, mau cheiro e outros tantos problemas. O direito de todos nós a cidades sustentáveis obriga o poder público a cuidar melhor dos rios, com políticas públicas ambientais específicas para o meio urbano.