11/03/2016 17:26
Com faixas, cartazes e panfletos cerca de 300 pessoas saíram às ruas para acompanhar o ato em celebração do Dia Internacional da Mulher, mobilizado por diversas organizações de movimentos sociais. Saindo da Praça da Basílica Santuário de Nazaré, a caminhada seguiu até a prefeitura de Belém, no Pará, onde dezenas de mulheres firmaram posicionamentos em defesa da garantia de direitos.
Igualdade de acesso ao mercado de trabalho com justa remuneração salarial, garantia de creches para os filhos, equidade de gênero, liberdade e autonomia para decidir, o fim do feminicídio e do assédio sexual e moral foram algumas bandeiras de lutas específicas encampadas em meio à marcha que, além de repudiar todos os tipos de violência, denunciou as ameaças provocadas pela exploração do capitalismo sobre os meios de comunicação, sobre os territórios de diversas comunidades, e ainda sobre a Amazônia, seus povos e sua biodiversidade.
Os impactos socioambientais foram destacados durante o ato. Em frente à Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), entidade de representatividade do agronegócio paraense, uma intervenção questionou as injustiças sociais ocasionadas pela ofensiva do agronegócio e pela ação de mineradoras e de grandes projetos hidrelétricos na Amazônia.
Justiça ambiental
Moradora da comunidade quilombola Abacatal, localizada na Região Metropolitana de Belém, Edinalva Cardoso, 23 anos, levou consigo outras companheiras para participar do ato em repúdio à utilização de agrotóxicos nas plantações e também pelo fortalecimento do movimento de mulheres negras. Além disso, outra situação foi denunciada por elas. Atualmente as mulheres do Abacatal lutam contra a ação da Prefeitura Municipal de Belém, que em junho de 2015 deslocou o despejo do lixo produzido pela população urbana, antes feito no aterro sanitário do Aurá, para um local próximo à comunidade de Edinalva, em Marituba.
“O novo lixão cai na cabeceira do Igarapé Uriboquinha. Ele vai poluir não só o igarapé, mas a gente faz uma feira com os produtos da comunidade e isso está afastando os fregueses porque o lixão polui o solo que a gente cultiva os alimentos. Nós estamos sendo engolidos”, repudia Edinalva, que ainda integra o projeto Juventude, Direito à Cidade e Justiça Ambiental, desenvolvido pela sua comunidade com o apoio da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE).
Agroecologia
“Sem feminismo não há agroecologia”! Essa era a palavra de ordem entre as mulheres quilombolas e agroextrativistas vindas de diversas comunidades, entre elas: comunidade do Quilombo Bacuri e comunidade agroextrativista Pirocaba, ambas localizadas em Abaetetuba; comunidade agroextrativista da Vila dos Remédios e Borralhos, localizada em Santo Antônio do Tauá.
Empunhando seus cartazes de luta contra os agrotóxicos e em favor de uma alimentação saudável, estas mulheres mostraram a importância da participação feminina na produção agroecológica. Por meio do saber popular herdado de suas avós e mães, conduzem à prática de uma alimentação saudável baseada no consumo de hortaliças, legumes, verduras e frutas produzidas em seus próprios terrenos, diversificando as culturas, respeitando o tempo da natureza e garantindo a alimentação de seus familiares e de toda a população.
Compondo aproximadamente 50% da população no meio rural, segundo dados do IBGE, as mulheres também têm ocupado cada vez mais espaço nos movimentos sociais, ampliando sua participação no campo e na floresta para além das tarefas do lar, militando ativamente em defesa de uma relação harmoniosa entre a natureza e a população que dela se sustenta.
[1] Texto publicado por Élida Glavão, Fundo Dema.