22/11/2013 17:57

imagem1.1Nesta quinta-feira, 21 de novembro, FASE ES e Carbon Trade Watch [Observatório do Mercado de Carbono] lançaram relatório fotográfico que reune argumentos sobre a rejeição das compensações financeiras para os impactos sobre o meio ambiente, especialmente aqueles gerados pela indústria do petróleo e da celulose.

A exposição “Como óleo e água: resistência contra a economia verde brasileira” ilumina as ligações entre indústrias extrativas e intensivas no uso da terra e os benefícios a estas indústrias garantidos pelos mecanismos de financeirização da natureza. Estes mecanismos – REDD+, MDL, Pagamento por Serviços Ambientais – simplificadamente, permitem que empresas comprem o direito de seguir poluindo contanto que outros preservem alguma área por elas. Os resultados podem atender à determinação de negociações internacionais – como estas estabelecidas na ONU nas Conferência do Clima – ou ‘esverdear’ a imagem das empresas com base em propagando sobre sustentabilidade. No entanto, não mudam as relações de poder. Perpetuam o modelo de desenvolvimento adotado no mundo. Daí as críticas de vários segmentos da sociedade civil. A exibição reúne parte do documento que está disponível na internet em inglês e português. Fotos e depoimentos também revelam os modos de resistência de comunitários e líderes de movimentos sociais como o Movimento dos Pequenos Agricultures (MPA), associações de pescadores e outros.

“Como óleo e água” foi apresentada no Fórum sobre Bens Comuns Naturais, evento paralelo ao Fórum Mundial sobre Capital Natural, realizado em Edimburgo, Escócia, nestes dias 21 e 22 de novembro. Enquanto o Fórum sobre Bens Comuns reúne representantes da sociedade civil global que questionam o mercado de carbono e de pagamentos por serviços ambientais, o outro busca caminhos para aumentar estes mercados com a participação de grandes empresas poluidoras como RBS, Coca Cola, Rio Tinto, Forest Carbon.

“Compensações sobre carbono e biodiversidade geram uma relação de dependência e dominação do ‘compensador’ em relação ao ‘compensado’. Elas acabam com toda a autonomia produtiva, com a cultura local e tradicional, e as substituem pelo elemento financeiro”, explica Daniela Meirelles, da FASE ES. “Somos contra a financeirização da natureza que só justifica a expansão do modelo atual de desenvolvimento energético e é desenhada por corporações e governos para expandir seu próprio poder por meio de mais grilagem de terras”, conclui.

Tamra Gilbertson da Carbon Trade Watch, fotógrafa que realizou o registro dos impactos e resistências no Espírito Santo e Rio de Janeiro, garante: “Criar um mercado natural para privatizar a natureza é um erro grave. Os exemplos passados sobre compensação a partir do carbono ou da biodiversidade, incluindo projetos de REDD+, beneficiaram apenas os poluidores, desenvolvedores e banqueiros”. Na opinião da ativista, estes atores nada tem a ver com o meio ambiente ou a sustentabilidade dos povos e dos seus modos de vida. “O dano que provocam à natureza não pode ser balanceado por um outro”, enfatiza, referindo-se aos pagamentos e compensações.

Saiba mais:
Forum on Natural Commons: http://naturenotforsale.org/forum/ (em inglês)
Declaração contra as compensações sobre biodiversidade: http://no-biodiversity-offsets.makenoise.org/portugues

*Elaborado com informações da Carbon Trade Watch.